É comum sentir que perdemos o nosso valor frente a pessoas que amamos mas que, infelizmente, não nos amam da mesma maneira. Acabamos acreditando que as razões pelas quais não gostam de nós são sempre por defeitos pessoais ou, como se costuma dizer, “pelo nosso jeito de ser” ou “porque não nos encaixamos”.
Ou seja, acabamos por não nos dar o merecido valor no afã de ter perguntas e respostas para quase tudo. Esta “perda de valor” como consequência do costume ou da rotina é uma sensação comum nos relacionamentos amorosos. A magia se perde, o toque, as demonstrações de afeto e assim o amor se destrói.
Agora, que seja comum não significa que não “nos afunde na miséria emocional”, que não afete e não acabe com relacionamentos que prometiam tudo e ficaram no nada. De qualquer maneira, sabendo que isto acontece, é muito importante que sejamos conscientes dos nossos recursos para evitar a dor.
O culpado por esta perda de valor é, sem dúvida, o costume. É comum se acostumar ao que temos e não apreciar o que significa o outro nas nossas vidas, seja o nosso companheiro amoroso, um amigo ou um familiar.
Como consequência ignoramos o cuidado, o carinho e a conquista diária. Deixamos de lado os sorrisos, os “bom dia”, as carícias entrelaçadas com palavras agradáveis, a capacidade de surpreender… Tudo.
Com o tempo nos transformamos em rotina, obrigação e indiferença e nos transformamos em pedras frias, insensíveis, imóveis e inertes.
Talvez até sejamos amáveis com outras pessoas, talvez nos concentremos em nosso trabalho, em novos interesses, no esporte, em outras amizades ou relacionamentos, etc. No entanto, frequentemente nos esquecemos de ser como deveríamos ser para ESSA PESSOA. Então o amor morre como presa do ataque da indiferença e desses maus hábitos que mantemos ao não apreciar o que temos.
Costuma-se dizer isso de “você não sabe o que tem até perdê-lo“. Nada mais longe da realidade. Claro que sabemos o que temos, o que acontece é que não imaginamos que possa chegar o dia de perder tudo.
Pensamos que essas PESSOAS estarão sempre aí, que aguentamos o suficiente para merecer o tempo que resta junto com o nosso companheiro, que são etapas ruins e maus hábitos e que, se alguma coisa não anda bem, com o passar dos anos vai melhorar.
A questão é que esse dia no qual o milagre acontece nunca parece chegar, e tudo continua nos envolvendo em tempestades de desânimo, de escuridão e de desinteresse.
Agora, é provável que chegue o momento em que um dos membros do relacionamento termine pensando (ou melhor dizendo, sentindo) que o que não se soluciona mudando de página se corrigirá trocando de livro. Isto é perfeitamente normal e compreensível, já que não podemos passar a vida toda submetidos a um relacionamento afetivo que está nos devorando por dentro, acabando com as nossas expectativas e trapaceando as nossas necessidades.
Não fomos feitos para nos conformarmos. Por isso, normalmente, se permanecermos muito tempo afundados em um relacionamento apagado que sucumbiu à indiferença e à anedonia (a perda da capacidade de sentir prazer, próprio dos estados gravemente depressivos), faremos desta um “enterro em vida” que piorará a nossa troca emocional.
Estar juntos é muito mais do que gostar um do outro. Por isso, para que um amor do tipo que for vá para a frente, é imprescindível que exista um interesse mútuo e que isso seja demonstrado como tal. Do contrário, o relacionamento afetivo se transformará em um desgaste emocional para o membro do casal que quer, mas não pode.
Imagem de capa: Shutterstock/Jan Faukner
TEXTO ORIGINAL DE A MENTE É MARAVILHOSA
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