Dirijo meu carro a caminho do trabalho e ouço no rádio, no intervalo entre uma música e outra, a propaganda de um “remédio” que promete “frear” o envelhecimento. Mais do que isso, promete “parar o tempo” e nos fazer parecer mais jovem. Em outra ocasião, uma amiga me “repreende” porque falei minha idade. Ela diz que eu não deveria ficar falando por aí que já tenho 43 anos, depois de rir, digo à ela que não me importo com isso. Pelo contrário, tenho orgulho da minha idade. E mais, tenho orgulho de parecer que tenho 43 anos. Por que não teria?
Ao fabricante do remédio “milagroso” e à minha amiga, eu só posso dizer uma coisa: não quero parecer mais jovem. Simples assim. Pois, como já disse antes, tenho orgulho (muito) da minha idade. De verdade, tenho mesmo. E por isso, não desejo parecer o que não sou. E o que definitivamente não sou, é uma jovem de vinte e poucos anos. Nem mesmo de trinta e poucos. Já sou uma quarentona. E gosto disso. Gosto de ter chegado até aqui. Gosto da pessoa que me tornei. Gosto do que vivi. Do que desfrutrei, do que aprendi. Gosto demais do que me tornei, para negar meu tempo de existência nesse mundo.
Por outro lado, não desejo parecer mais velha. Nem tanto a terra, nem tanto ao mar. Tudo na medida do que é. Nem mais, nem menos.
E acreditem, não há aqui nenhum juízo de valor ou qualquer tipo de condenação ou julgamento, a quem quer que seja. Não, não há. Cada um é senhor de si e sabe o que lhe convém. Então, se alguém não quer dizer que idade tem tudo bem. É um direito seu. Se quer parecer um pouco mais jovem, beleza.
Também não sou contra tratamentos de estética ou coisa que valha. Eu mesma faço uso de alguns deles (com e por indicação médica). Inclusive, já me submeti a uma cirurgia plástica estética. E nunca me arrependi. Pelo contrário, me sinto imensamente feliz com o resultado. Só que tudo que fiz e ainda farei, foi (e espero que seja) para me sentir melhor, não mais jovem.
Talvez esse desejo de “freiar” o tempo, de aparentar menos idade, seja consequência do entendimento, de boa parte das pessoas, de que envelhecer é algo necessariamente ruim. Que tudo que é velho é, obrigatoriamente, aquilo que não nos serve mais. Que velho e velhice, são sinônimos de obsolescência……. Será? Acho que discordo.
Mas é só isso que os anos nos propiciam? É obvio que o envelhecimento nos traz limitações. Pode nos levar a ter doenças e, certamente nos aproxima de forma mais clara, do encontro com a morte – encontro que a maioria de nós teme. O velho nem sempre é o obsoleto. O velho pode ser sinônimo de sabedoria, experiências, aprendizado, de conquistas, vivências…..
Há quem diga que a nossa idade é determinada pela nossa mente, e não necessariamente pela nossa certidão e nascimento. Concordo. Mas, sempre existirá a idade cronológica. E não vejo motivos para negá-la, escondê-la ou disfarçá-la.
Gosto dos meus 43. E espero gostar dos anos que virão. Espero nunca querer parecer mais jovem.
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