Todos temos a tendência a tomar certas pessoas e situações como imprescindíveis e insubstituíveis, como se não pudéssemos viver sem elas, como se nossa felicidade dependesse estritamente daquilo tudo. Supervalorizamos, assim, muitas vezes, algo que não nos faz bem, alguém que não nos acrescenta nada, coisas que só atravancam o nosso caminhar, sem perceber que muito do que encaramos como ganhos na verdade são fardos em nossas vidas.
Na ânsia de tentar controlar as nossas vidas e de buscar a felicidade tal qual aquela que nos é vendida nas vitrines, nas revistas e nas redes sociais virtuais, acabamos muitas vezes buscando construir uma vida sobre bases desarmônicas. Trazemos, para dentro de nossas vidas, estilos, pessoas e comportamentos que destoam completamente da essência de nossas verdades mais íntimas.
Dessa forma, valorizando tudo o que está lá fora de nós, tudo o que não diz respeito aos nossos valores, aos sonhos que pulsam em nossos sentidos, acabamos nos afastando de nós mesmos, diminuindo-nos, desvalorizando-nos, enfim, tornando-nos muito menos do que realmente somos. E, se nem nós mesmos nos sentirmos gente de verdade, as pessoas que nos rodeiam acabarão por nos atravessar, como se fôssemos invisíveis, pois é assim que nos comportaremos.
Enredados em meio às aparências que construímos, tentamos mantê-las a qualquer custo, a despeito de toda dor que elas carregam, apesar de toda dignidade que se perde nesse caminho, mesmo que tenhamos que nos humilhar perante pessoas que não têm um mínimo de consideração por nós. E, assim, aceitamos de volta quem nos diminui, submetemos nossa vida a dissabores desgastantes num emprego desumano, mantemos perto de nós amizades que apenas sugam nossas energias.
Não podemos aceitar menos do que merecemos e ninguém tem o direito de determinar o quanto valemos. Não se humilhe, não sufoque seus sonhos por conta de algo que é substituível e pode melhorar. Enterre a cabeça no travesseiro, grite, chore, acabe-se, numa luta sua com você mesmo e de mais ninguém. Fortaleça-se enquanto sente doer fundo as decepções e o amargor da rejeição, para sobreviver e seguir mais forte e seguro de si. É assim que tem de ser.
Quem só vê defeitos em nós deve cair fora. O emprego que nos limita e reduz deve ser trocado. O amigo que só quer o que temos para dar não gosta de nós realmente. É preciso que adotemos uma postura crítica perante o mundo, para que consigamos aparar as arestas espinhosas que nos dificultam a busca da felicidade. Afinal, para sermos felizes, precisamos estar rodeados de amor verdadeiro, de sinceridade, de gente que gosta da gente. E, para isso, precisamos nos sentir e ser gente de verdade.
Imagem de capa: Max4e Phot/shutterstock
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