O grupo que conversou comigo sobre esse tema teceu muitos comentários sobre a teia da mágoa. A pessoa que nos magoa atinge nossas áreas mais vulneráveis “Eu me afasto da pessoa que me magoou” – disse uma participante. Porém, com isso, deixa de aproveitar bons aspectos desse relacionamento.
“Às vezes, a pessoa nem sabe que me magoou, eu simplesmente desapareço” – complementou. Desse modo, perde a oportunidade de propor uma conversa esclarecedora, que poderia restaurar o bom relacionamento. Vale pensar sobre o que podemos aprimorar em nossa expressão de sentimentos e na clareza da comunicação.
Como podemos nos libertar da teia da mágoa? Algumas ideias foram discutidas, entre as quais a importância de entender melhor a pessoa que nos magoou. “Percebo que, quando consigo fazer isso até penso que talvez eu até fizesse o mesmo que o outro fez” – disse uma participante. E outro agregou: “Vivi muitos anos magoado com meus pais. Eu me sentia injustiçado, por perceber que eles mimavam meu irmão. Quando fiquei mais maduro, vi o quanto eu contribuía para que meus pais não me oferecessem tantos privilégios, porque eu era muito rebelde e grosseiro com eles”.
Aprofundar o autoconhecimento contribui para dissolver a mágoa: O que aconteceu para isso me atingir desse modo? Por que estou dando tanta importância para essa pessoa a ponto de permitir que ela me magoe tanto?
Há outras teias que nos aprisionam, como o ciúme que nasce do medo da perda e gera a necessidade de tudo controlar. E a da inveja, que paralisa nosso crescimento pessoal, consumindo energia em ver apenas o que o outro conquistou e o que nos falta. Com isso, muitos deixam de batalhar pelas próprias conquistas. Essas teias de relacionamento são tóxicas, fazem mal à nossa saúde física e mental.
Felizmente, há teias que nos trazem alegria e dão sustentação em momentos difíceis, como as da amizade, da solidariedade e do amor. Essa tecelagem, feita na base do respeito, da compreensão e da aceitação das diferenças, beneficia o crescimento de todos.
Imagem de capa: Shutterstock/Marjan Apostolovic