A teoria do impulso secundário sustenta que o desejo de estar com outros membros da espécie é resultado de ser alimentado por eles, como afirma Freud “A razão pela qual a criança de colo quer a presença, sem demora. (1926, S. E., 20, p. 137 apud Bowlby: 226).
Esta teoria decorre de um pressuposto e não da observação ou experimento. Segundo Hull, existe somente um número limitado de impulsos primários- fome, sede, conforto e sexo, e que qualquer outro comportamento é derivado deles por um processo de aprendizagem. Ambas as teorias – a da sua mãe é somente o já saber, por experiência, que ela satisfaz todas suas necessidades psicanálise e a teoria da aprendizagem são parecidas e foram incontestadas até Lorenz iniciar o processo de aprendizagem das características do objeto que se chama estampagem. Através dela, observou que os patinhos e gansinhos seguiam o objeto que viam em movimento, fosse este a mãe ou outro qualquer e, tendo seguido o objeto passam a preferí-lo a quaisquer outros objetos até não seguirem mais nenhum.
Conclui-se que pelos experimentos de Lorenz (apud Bowklby, 1999, vol 1), o comportamento de apego em mamíferos e no homem se desenvolve de maneira comparável. Houve outros experimentos com animais que confirmam esta teoria.
Shipley (apud Bowlby, 1999, vol 1 1963) demonstrou que porquinhos da índia isolados durante as quatro primeiras semanas após o nascimento respondem ao movimento de um modelo de madeira, branco e plano, seguindo-o para onde quer que o desloquemos. Scott (apud Bowlby, 199, vol 1) fez o experimento com cachorrinhos que, separados da mãe com duas semanas de idade, ficaram expostos a um homem sentado e inativo durante dez minutos e ficaram os dez minutos com ele. Nas semanas seguintes, os cachorrinhos abordaram um ser humano sem qualquer associação ao alimento.
Os experimentos de Cairns com cordeiros deram resultados semelhantes (Cairns, 1966). Um cordeiro ficou isolado junto a um aparelho de televisão em funcionamento e não só ficaram próximos, como o cordeiro procurou o televisor depois até ficar junto a este. Nos experimentos de Harlow (apud Bowlby, 1999, vol 1:1963), os macaquinhos separados da mãe foram dotados de modelos maternos que consistiam em um cilindro de arame ou num cilindro coberto de pano. A alimentação era assegurada por uma mamadeira que podia ser colocada em qualquer um dos modelos. Isto provou que o conforto do contato acarretou o comportamento de apego, ao passo que o alimento não.
Apesar de todos os experimentos eliminarem a teoria do impulso secundário em mamíferos não-humanos, ainda deixam por resolver o caso humano. Sabe-se que o bebê nasce com a capacidade de agarrar-se. Em segundo lugar, desfrutam da companhia humana. São aquietados pelo colo, carícias e sentem prazer em observar as pessoas movimentando-se. As respostas de balbuciar e sorrir em bebês aumentam quando o adulto lhes responde de um modo puramente social. Assim, há provas claras de que o bebê humano é feito de modo a responder prontamente aos estímulos sociais e a entrar rapidamente na interação social. Os apegos dos bebês são descritos por Schaffer e Emerson (1964 a, apud Bowlby, 1999, vol 1). O fato dos bebês apegarem-se a outras crianças deixa claro que o comportamento de apego pode desenvolver-se e ser dirigido para uma figura que nada contribui para suas necessidades fisiológicas.
As provas existentes descartam a teoria do impulso secundário e fortalecem a teoria de que o comportamento dos seres humanos pode desenvolver-se sem as recompensas tradicionais de alimento e conforto.
A hipótese levantada é de que o comportamento de apego é algo que se desenvolve independentemente do alimento, mas não da sucção. Portanto a teoria da regressão não é inteiramente eliminada em casos de neurose ou psicose. Por meio de uma substituição simbólica, os sintomas orais podem ser considerados como o equivalente à relação com uma pessoa. Também, uma atividade oral é classificada como uma atividade de deslocamento, ou seja, ela aparece quando outra é frustrada. A teoria do comportamento de apego pode fornecer uma alternativa razoável a explicações.