Por Mário Lemes postado originalmente no Médium
Desculpa, sociedade hétero. Eu sinto muito, mas não… nem todos os gays são o Neil Patrick Harris. E digo mais: nem todos os gays querem ser o Neil Patrick Harris.
Nós não somos todos lindos, sarados, ricos, loiros, com senso de moda e talento musical. Alguns de nós não são sequer sensíveis como vocês gostam de acreditar. Alguns de nós são mais frios e babacas que muitos machos héteros que você vê por aí. Sim, pasmem: nós temos defeitos. Nós temos barriga de chope, nós temos dor de dente, apendicite, alergia a camarão. Nós magoamos quem amamos, quebramos a cara, levamos pé na bunda (e vocês aí achando que era só piroca). Nós pagamos boleto, atrasamos a conta de luz, temos nome sujo, parcelamos compras na C&A. Alguns de nós sabem cozinhar, outros mal fazem miojo. Alguns curtem a Lady Gaga, outros curtem Molejo, outros curtem Ramones. Alguns brigam por diva pop, outros brigam por política, outros brigam por padê.
Sim, a maioria de nós quer ter o direito de casar e adotar filhos (como o Neil Patrick Harris). Mas isso não significa que vamos fazer todas essas coisas, assim como você tem o direito de dar uma cambalhota em via pública, mas nem por isso dá. Nem todos nós sonhamos em constituir família. E, mais importante: nem todo casal de dois homens que você vê se beijando está, necessariamente, se amando. Às vezes, o que você chama de amor tem outro nome: Grindr.
Não somos todos promíscuos, mas queremos ser se der na telha. Não queremos que você “explique para o seu filho” que são “duas pessoas que se amam”. Em vez de transformar a homossexualidade num conto de fadas, em vez de querer fazer da gente o que vinham tentando fazer com as mulheres esse tempo todo, em vez de romantizar a nossa vida, explique pro seu filho ou pra quem quer que seja o que é consentimento: para que duas pessoas se beijem basta que ambas queiram se beijar. Se é por amor ou pau duro, não é problema seu.
Nem todo gay vai ser “fofo” com você. Nem todo gay quer que você apresente seu outro amigo gay. Gays não são animais de estimação, nem princesas da Disney.
E, se você parar pra pensar, todo esse estereótipo do gay perfeito só serve A UMA classe: ele mesmo, o homem hétero. Porque enquanto a mulher acreditar que todo homem decente é viado, a vontade biológica de dar umazinha ou o medo de ficar sozinha, acabarão fazendo com que ela fique com os caras mais babacas por falta de opção. “Tá vendo aquele cara? Ele é lindo, sarado, inteligente, sensível… mas ele nunca vai te comer.”, diria o Sr. Hétero para a ~empoderadíssima~ mulher.
A verdade, meus amores, é que babaquice não escolhe sexualidade. Héteros podem ser escrotos, gays podem ser escrotos, lésbicas podem ser escrotas… Parem de idealizar um grupo do qual você não faz parte só para se sentir melhor com a merda que tem ou para compensar algum peso na consciência.
Nem todos os negros são bons jogadores de basquete, nem todas as mulheres cozinham bem, nem todos os asiáticos são bons em matemática… e nem todos os gays são o Neil Patrick Harris.
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