Estudo feito por pesquisadores da Universidade do Texas com alunos de pós-graduação de 26 países concluiu ser significativa a ocorrência de problemas de saúde mental nos estudantes. Esses alunos têm seis vezes mais chance de sofrer com depressão e ansiedade do que a população em geral. A pesquisa revela que os 41% dos entrevistados apresentaram sinais de ansiedade e depressão em nível moderado, e 39% em nível grave.
Na população em geral, tanto o índice moderado quanto grave são de 6%. Dos mais de 2.200 estudantes que foram entrevistados, 90%eram alunos de doutorado e 10%, de mestrado. Da área de humanas eram 56%; 38%, de ciência e biologia; e 2%, de engenharia.
Vários fatores
Os pesquisadores também cruzaram os dados de estudantes depressivos ou ansiosos com questões ligadas a gênero, ao equilíbrio entre vida e trabalho e à relação do estudante com seu orientador.
No estudo de gênero, os pesquisadores concluíram que os transgêneros pertencem ao grupo mais propenso a enfrentar depressão e ansiedade, com incidência de 55%. Mulheres com os sintomas aparecem em segundo lugar (43%) e, por último, os homens (34%).
Os estudantes foram questionados se concordavam ou não com a frase “Eu tenho um bom equilíbrio entre vida e trabalho”: 55% dos entrevistados que sofriam de ansiedade moderada ou grave, e 55% dos que sofriam de depressão disseram não concordar.
O estudo também registrou estudantes sem sinais significativos de depressão (24%) e ansiedade (21%), embora assumissem não ter equilíbrio saudável entre vida e trabalho.
Os pesquisadores chamam a atenção para a importância que os professores, responsáveis por orientar os estudantes de pós-graduação ao longo do trabalho de pesquisa, exercem sobre eles. Metade dos estudantes com depressão e ansiedade afirmaram não receber atenção ou tutela adequada de seus orientadores.
É preciso agir
O estudo foi publicado na revista Nature e vale ressaltar os comentários que a publicação recebeu. Alguns apontavam o baixo valor de bolsas para o doutorado como catalisador de estresse e ansiedade. Outros, já mencionaram a falta de perspectiva de emprego após a conclusão do mestrado ou doutorado.
Os pesquisadores defendem que, agora que o problema está mais evidente, as universidades
precisam agir. Há, segundo eles,”urgente necessidade de educar professores sobre o impacto da pós-graduação na saúde mental dos estudantes”.
E acrescentam: “Fundamentalmente, dados como os nossos apontam a demanda por uma mudança na cultura da academia para eliminar esse estigma [da depressão e ansiedade], bem como garantir que estudantes não fiquem relutantes em se comunicar abertamente com seus orientadores”.
Imagem de capa: Element5 Digital on Unsplash
TEXTO ORIGINAL DE DESTAK JORNAL