O conceito de família surge do latim “famulus”, que significa escravo doméstico e família é o conjunto dos escravos de propriedade de um mesmo homem. A família monogâmica teria sua linhagem na família que era composta por membros com vínculos consanguíneos. Resumia-se no poder do homem, sendo o motivo principal a procriação de filhos cuja paternidade era inquestionável.
A família historicamente existiu em todas as sociedades e diversos modelos foram-se modificando através dos tempos, passando por transformações. Porém, ao analisar a família não se pode pensar somente no modelo nuclear patriarcal, pois a família vem apresentando novas experiências vivenciadas pela sociedade nas últimas décadas.
Essas composições multiparentais se constituem de casais sem filhos, pessoas morando sozinhas, três gerações sob o mesmo teto, mães sozinhas com filhos, pais sozinhos com filhos, amigos morando juntos, netos com avós, irmãos e irmãs, constituindo um mosaico de famílias. Nesse novo cenário, cresce o número de casais homoafetivos que estão tendo filhos adotivos ou assumindo os filhos do parceiro ou da parceira, formando uma nova família.
É natural que nesses arranjos familiares ocorram dificuldades na criação dos filhos e na condução social e econômica da unidade familiar, surgindo novos problemas a serem enfrentados. E cabe aos sociólogos, psicólogos e advogados analisar esses desafios da família moderna.
Por isso, é fundamental que Estado seja laico, com igualdade de tratamento a todos, visto que as relações entre pessoas capazes estão associadas pelo afeto e cuidado, mesmo que envolvam pessoas do mesmo sexo, devem ter a proteção do Estado. Evitando a interferência de setores autoritários, que buscam impor como paradigma a família patriarcal.
Desde sempre foi exigido da mulher o papel de mãe, entretanto o homem está, cada vez mais, exercendo o seu lugar de pai, não se restringindo apenas a função reprodutiva, mas desempenhando também atribuições relativas ao cuidado e ao afeto. Além disso, muitos avôs moram com as famílias em função das necessidades de sobrevivência do núcleo familiar.
Apesar da experiência inegável das novas configurações familiares, a família patriarcal ainda é a mais idealizada, mesmo que tenha uniões rompidas, gravidez na adolescência, mulheres que estão virando chefes de família e homens que se omitem no afeto e cuidado com seus suas esposas e filhos. Isso se reproduz na violência doméstica, no abandono, no adultério e na negligência, que ficam escondidas ou escancaradas.
Por preconceito e desconhecimento as famílias com as novas configurações familiares são rotuladas como desestruturadas, repletas de problemas emocionais, de comportamentos inadequados e culpadas pelo fracasso escolar ou rebeldia dos filhos. Hoje essas falácias são facilmente desconstruídas, mostrando que os novos fenômenos familiares fazem parte da família humana.
Imagem de capa: Shutterstock/Blend Images
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