O lúdico facilita a compreensão da criança em diversos contextos.

O lúdico é percebido por alguns como instrumento para garantir a própria adesão ao tratamento. É visto como um veículo de comunicação no sentido de levar a informação, relativa ao adoecimento e tratamento, numa linguagem acessível à criança e sua família. Bem como mostrar procedimentos, com a possibilidade de experimentação por parte da criança (MITRE e GOMES, 2004, s/n).

Mitre e Gomes relatam os motivos pelos quais devemos utilizar o brincar. Devido ao fato de o brincar ser o que as crianças mais gostam de fazer, o lúdico se torna fundamental para que elas aceitem o tratamento. Dependendo da sua idade, escolaridade e cultura, a criança não irá compreender por meio do diálogo o que está acontecendo ou por que ela deve estar no hospital e não em casa.

Para Gimenes apud Viegas (2008), conforme a natureza do brincar, se vista sob o aspecto terapêutico, ela pode desencadear emoções reprimidas (catarse), colaborar para a elaboração de conflitos no campo afetivo ou cognitivo, acelerar a recuperação psicomotora, caso tenha ocorrido algum dano físico ou neurofisiológico e, até mesmo, quanto ao aspecto social, facilitando o pequeno paciente na adaptação à nova situação.

Em sua experiência com o brincar, Lindquist apud Oliveira (2008) relata: “Muitas crianças hospitalizadas não conseguem verbalizar seus desejos e necessidades. É importante (eu diria legítimo), portanto, reconhecer sua capacidade de se exprimirem através de atividades lúdicas”. Nesse sentido, ressalta a relevância de o hospital encarar as necessidades psicossociais da criança, além das clínicas.

Pelo brincar, ela se expressa, mostra o que sente e quem é, aparecendo como sujeito, com vontades, e não mero objeto de cuidados. As tensões provocadas pela internação diminuem, favorecendo a adesão ao tratamento e diminuindo sua vitimização, isto é, sua condição de coitadinha (FORTUNA, apud VIEGAS, 2008).

De acordo com Lindquist (1993), a inserção do brincar no hospital motivou estudos sobre a sua importância no processo de humanização hospitalar. Assim, é possível indicar sua aplicação terapêutica ao proporcionar às crianças atividades estimulantes e divertidas, que trazem calma e segurança.

É por meio do brincar, que se forma como um todo a existência experiencial do ser humano.

A criança traz para dentro dessa área da brincadeira objetos ou fenômenos oriundos da realidade externa, usando-os a serviço de alguma amostra derivada da realidade interna ou pessoal. Sem alucinar, a criança põe para fora uma amostra do potencial onírico e vive com essa amostra num ambiente escolhido de fragmentos oriundos da realidade externa (WINNICOTT 1953 p. 76).

O brincar é uma maneira de expressar tudo o que sente e percebe, permitindo que a criança adquira uma estima elevada e, de certa maneira, se sinta livre; livre para brincar, livre para se expressar.

Silvia Duarte

Psicóloga Clínica e Palestrante na Instituição Atitude Jovem Adventus. Graduada em Psicologia pela FAMETRO - Faculdade Metropolitana de Manaus (AM-2014)

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