Por Laura Monte Serrat Barbosa
pedagoga, psicopedagoga
Em uma publicação da UNICEF, “Os novos direitos da criança”, seu autor, Luiz Lobo, destaca, entre outros, o direito que toda criança tem de ter limites.
Todos temos direito de ter limites! E por que será que tem sido tão difícil para nós, educadores (pais e professores), conseguirmos cumprir e fazer cumprir a execução de direito humano tão importante?
Passeando pela história, encontramos a origem do limite na mão de poderosos, autoritários, carrascos que, utilizando instrumentos próprios, submetiam os mais fracos e demarcavam os seus limites físicos, intelectuais, morais e sociais.
Esta origem permitiu, no decorrer da nossa história, que utilizássemos, como seres humanos, variações da colocação de limites; porém, mantendo em nossas ações as raízes na dicotomia poder x submissão.
Toda a educação tradicional foi calcada no autoritarismo, muito criticado nos, tempos atuais. Sabemos, no entanto, que a história é dinâmica, e o homem começou a valorizar o outro lado da moeda, a liberdade; no caminho histórico, descobriu o incentivo e a compreensão.
Desta forma, passamos a construir uma outra visão de limite. O limite passou a ser visto como algo negativo e, já desde muito pequena, a criança começou a ser livrar dos panos que a apertavam ao nascer, a ser entendida nas suas necessidades rapidamente e a aprender que a frustração é algo ruim.
Diante de tanta insegurança, violência, droga e sexo desregrado, precisamos nos perguntar se tínhamos razão em combater o autoritarismo. A resposta que se delineia a nossa frente não é simples, mas tem a ver com as palavras de Luiz Lobo: “o excesso de liberdade pode ser tão prejudicial quanto a falta dela”.
Sem limites ou com limites frouxos, perdemos o referencial, não nos construímos como seres sociais; com limites apertados, sufocamo-nos e não conseguimos nos tornar autônomos. Então, qual é a saída?
A Psicologia nos diz que o não é o primeiro organizador da personalidade humana. Afirma que é através da frustração que se desenvolve a cognição e conta-nos que o erro é elemento importante para se chegar ao acerto. Fala, também, que é da falta que nasce o desejo, a motivação que nos impulsiona para a ação.
Como educadores, temos receio em dizer não; procuramos evitar que nossos alunos e filhos frustrem-se; fazemos tudo para que não vivam o erro; oferecemos de tudo para que nada lhes falte. Não percebemos quanto mal estamos causando para o seu desenvolvimento.
Quem não sabe ouvir um não não precisa criar alternativas, desenvolver a argumentação, planejar e procurar novas soluções. Quem não experimenta o fracasso não precisa se mobilizar para obter o sucesso. Quem não erra não precisa rever suas hipóteses para se aproximar do acerto. Quem não sente a falta não deseja, pois os seres humanos só podem desejar algo que não têm. Se temos tudo, não há mobilização interior.
A saída é pensarmos numa forma de conscientização de nossos filhos e alunos sobre a importância das regras, dos limites, para que eles possam interiorizá-los sem precisar de nós para controlarmos o tempo todo e sem ficarem perdidos na ausência de referencial. Precisamos, sim, é aprender o modelo de pais autoritativos: aqueles que
Colocam os limites, cobram a obediência de seus filhos; porém, num ambiente de diálogo, em que as causas e as conseqüências são apresentadas com firmeza, sem ameaças
Colocar limites é uma arte! Quando colocamos limite, precisamos deixar espaço
Esse texto faz parte da coletânea de reflexões “Psicopedagogia e Aprendizagem”, de Laura Monte Serrat Barbosa. Contato lauramonteserrat@bol.com.br
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