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À medida que os baby-boomers (pessoas nascidas na época da explosão demográfica) canadenses se aproximam da aposentadoria nas próximas duas décadas, presume-se que o isolamento será um fator social grave, um problema que abrange seriamente várias questões como o envelhecimento saudável, a segurança financeira, e os cuidados e maus tratos contra os idosos.
Cerca de 4,8 milhões de canadenses têm atualmente 65 anos ou mais. Estima-se que esse número dobrará nos próximos 25 anos para cerca de nove milhões de pessoas, o que representa um quarto da população.
Devido a isso, o Conselho Nacional do Idoso (NSC – sigla em Inglês) fez do isolamento social e seus efeitos em idosos um novo foco de estudo para 2013/14 com o objetivo de encontrar formas de prevenir e reduzir a sua incidência.
“O isolamento social afeta a saúde e o bem-estar dos idosos “, disse Alice Wong, secretária de Estado adjunta para idosos, em um comunicado recente. “Por isso, é muito importante abordar este problema ouvindo as pessoas idosas e consultando as principais partes interessadas dos setores filantrópico, público e privado.”
Muitas vezes acompanhado de solidão prolongada, o isolamento social tem sido associado a uma série de doenças mentais e físicas, tais como demência, doença de Alzheimer, depressão e os aumentos nas taxas de transtornos de personalidade, adicções e suicídio. O isolamento também pode levar a um aumento da vulnerabilidade ao abuso contra idosos, diz o NSC.
David Conn, psiquiatra geriátrico e vice-presidente da Coalizão Canadense para a Saúde Mental do Idoso, concorda que mais pesquisas sobre o isolamento de idosos são essenciais, já que esse isolamento muitas vezes acontece a portas fechadas e pode facilmente passar despercebido. “Nós tentamos alcançar as pessoas que estão isoladas, ou talvez com medo de sair de casa, medo de ir a um hospital ou clínica”, disse Conn, que também é vice-presidente do Centro Baycrest de Cuidado Geriátrico, instituto líder no mundo pela inovação no tratamento do envelhecimento e da saúde do cérebro.
Conn explica que os idosos cronicamente isolados podem tornar-se facilmente depressivos e solitários. “Quando as pessoas estão deprimidas têm muito menos energia, menos interesse em manter relacionamentos com outras pessoas. Portanto, há uma tendência real para as pessoas deprimidas se isolarem. Muitas vezes, elas se afastam de familiares, tornam-se irritadas e negativas, de modo que se afastam naturalmente das pessoas”.
Os idosos frequentemente se isolam quando seus cônjuges, amigos ou parentes morrem ou ficam doentes, ou quando as crianças se afastam da família. A aposentadoria também pode levar ao isolamento, graças à diminuição das redes de apoio e dos papéis sociais desempenhados, explica Conn.
Ruth Maria Adria, presidente dos Advogados de Idosos da Sociedade de Alberta e ex-enfermeira, diz que o isolamento dos idosos também pode ser visto em lugares inesperados, como nos tratamentos de longa duração e nos lares de idosos.
Idosos submetidos a tratamentos prolongados, cansados e que recebem poucas visitas de familiares, podem se isolar, apesar do fato de que essas pessoas estão cercadas de outros pacientes. “Temos observado em asilos para idosos, onde estes não têm oportunidade de falar e ninguém fala com eles e que se encontram sem qualquer estímulo, que os indivíduos tornam-se praticamente mudos”, escreveu em um e-mail. “Mais de 40% das pessoas que se submetem a tratamentos prolongados ou que estão em lares de idosos não recebem visitas.”
Evitar estereótipos
É importante não estereotipar as pessoas mais velhas como isoladas e desamparadas, adverte Conn, já que muitos estão bem conectados e ativos em suas comunidades, através de grupos de voluntários ou de grupos culturais, sociais e religiosos.
Alguns idosos podem precisar de uma interação social mais dinâmica do que outros, acrescenta, e outros podem querer apenas desfrutar o seu tempo sozinhos. “Há uma grande quantidade de visões estereotipadas sobre os idosos e seu isolamento, as quais não são todas verdadeiras”, disse Conn.
“Para a maioria das pessoas, não é uma ideia muito agradável estar socialmente isolado, especialmente no isolamento social extremo. Mas um outro aspecto desta questão é que as pessoas divergem sobre qual é a quantidade ótima ou ideal de interação social”.
Segundo entrevistas com profissionais de saúde e idosos feitas para a pesquisa publicada na revista australiana Health Review, os idosos associam a interação social com a saúde em geral, descrevendo a saúde mental e social como inseparáveis, mais importantes ainda que a saúde física. Também associam a solidão com uma debilidade na saúde em geral.
Além disso, os próprios profissionais de saúde entrevistados relataram deterioração da saúde física e mental nos idosos quando eles estão socialmente isolados. Eles descobriram que a saúde social é tão importante quanto a saúde física e mental.
“A saúde social depende da conectividade social, bem como do grau em que a comunidade valoriza a diversidade, apóia e inclui, e proporciona oportunidades para que todos possam participar na vida da comunidade, bem como a quantidade e a qualidade do apoio social e as relações que uma pessoa tem “, diz o estudo.
Fonte indicada: Epoch Times