“Me sinto sozinho mesmo acompanhado”, “me sinto vazio mesmo tendo tudo e não me falta nada”, “me sinto incompleto apesar de ter uma pessoa maravilhosa ao meu lado”, etc. Soa familiar?
Talvez este sentimento de infelicidade e insatisfação seja muito familiar para você. Isto é o vazio emocional, um grande conhecido que nos faz sentir sozinhos e incompletos.
E a verdade é que a possibilidade de nos sentir vazios nos aterroriza, nos enche de incertezas e bloqueia cada passo. Nos faz pensar: Se eu tenho tudo, o que mais posso pedir? O que mais posso desejar, se meu companheiro já é perfeito? Quantos amigos mais tenho de ter para não me sentir sozinho?
Pois bem, talvez seu parceiro seja “perfeito”, mas sua relação, para você, não está sendo. Então, algo terá que mudar e, tal vez, começar de novo. Também pode ser que, se você tem tudo, falta algo que não é tão fácil de obter. Ou você está rodeado de gente, mas não das pessoas certas, que preencham essa parte de você que se sente sozinho.
O vazio emocional esconde por trás de si a escravidão, o anseio, a tristeza e a necessidade. Se mascara de sentimentos cheios de dúvidas, cansaço, desânimo e de inquietude.
Mas, porque isso acontece? A resposta é simples: não nos conhecemos bem. Ao longo de nossa vida tiramos pouco tempo para descobrir o que precisamos, como nos sentimos, aonde queremos chegar e o que estamos dispostos a fazer para isso.
Não é que tenhamos que projetar tudo o que se passa em nossa vida, e sim quem somos de verdade. E, sabendo disso, deveríamos deixar de pensar que nossa identidade é querer ser uma pessoa alta ou bonita que tem um punhado de ilusões.
A ideia é deixar de lado os planos errados e nos definir no momento atual. Ou seja, quem somos, o que somos e o que estamos fazendo hoje. De nada nos serve dizer: “Quero ser médico”, “encontrarei o amor da minha vida”, “desejo ser mãe”, “vou ter sucesso com minha ideia de negócio”, etc.
Por que isso continua nos deixando vazios, cheios de anseios e sem identidade. É então quando nos damos conta de que o preço a se pagar por nosso desconhecimento é altíssimo. Seremos só mais um entre a população mundial, um médico a mais, uma mãe a mais, um amor a mais, um empreendedor a mais.
Na verdade, quando nosso EU falha, o vazio emocional é produzido. Simplesmente, tudo se converte em meras etiquetas, em remendos que tapam nossas feridas e em vendas que impedem nossos olhos de ver.
Se tivéssemos que escolher um adjetivo para definir o vazio emocional, o mais adequado seria “insuportável”. É insuportável, porque nos lembra que precisamos de algo que não conseguimos determinar.
Podemos tentar nos completar comendo em excesso, buscando um grande amor, bebendo álcool, se matando na academia ou entupindo nossa agenda. No entanto, esse insuportável sentimento de “necessito de algo, mas não sei o que é” segue ali, à espreita.
Sem dúvidas, o vazio determina nossa vida e nosso bem-estar, fazendo com que a arquitetura que mantém nossas emoções fique equilibrada. Alguns especialistas vinculam este sentimento com a depressão, referindo-se a uma “desconexão cerebral” que se produz entre o sistema límbico e o pré-frontal.
A luta contra o vazio não é fácil. Parece que grande parte das emoções e sensações mais negativas que existem estão contra a gente, se aliando para nos derrotar.
No entanto, sempre podemos decidir sobre a nossa vida e começamos a definir o que nos inquieta ou seguimos em um barco à deriva, em um mar de incertezas e de dor.
Cada um tem que vasculhar em seu interior e tentar encontrar a chave do que provoca a sensação de vazio. Não existem fórmulas mágicas, nem remédios infalíveis. A solução está dentro de cada um e, por isso, somente depende de nós chegar à verdade.
Deixar de sentir vazio em nosso interior é algo que se consegue trabalhando e cuidando de nossas fortalezas e nossas debilidades.
Conhecer a nós mesmos é fundamental para tudo em nossa vida. O que acontece é que não nos permitimos o luxo de saborear nossas emoções nem de reconhecer seus ingredientes, descuidando de tudo que podem nos oferecer.
No entanto, se pararmos para experimentar o que acontece em nosso interior, conseguiremos ver que nossas emoções e nossas necessidades se mostram em diferentes planos, tão sutis e necessários.
Finalmente, como disse Terry Neill, a mudança é uma porta que somente pode ser aberta por dentro.
Imagem de capa: Shutterstock/Svetlana Lukienko
TEXTO ORIGINAL DE MELHOR COM SAÚDE
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