Por Adriana Campos
“O meu filho anda permanentemente triste, cansado e agressivo. Os amigos de quem tanto gostava deixaram de ser importantes e o isolamento faz parte do seu dia a dia. Estará deprimido?”
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano 2020, a depressão será uma das doenças com maior prevalência na polulação em geral. Atualmente, já é o distúrbio mental mais comum a nível mundial, sendo responsável, em conjunto com as perturbações ansiosas, por 25% das consultas médicas.
Nas crianças, adolescentes e jovens adultos, a depressão é também um dos distúrbios psiquiátricos mais comuns, aumentando a sua incidência por volta dos 14 anos. A sua prevalência é cerca de duas vezes mais comum nas jovens do sexo feminino. Apesar destes dados, o problema é subvalorizado, existindo uma elevada percentagem de adolescentes deprimidos que não recebe tratamento.
Os dados referentes ao nosso país são escassos. No entanto, num estudo realizado na região de Setúbal, constatou-se existir aí uma prevalência de 11% de sintomatologia depressiva em jovens.
Estar deprimido é diferente de estar triste
Apesar de já haver muita informação sobre depressão, nomeadamente em idades mais precoces, o desconhecimento dos sintomas, mesmo ao nível dos profissionais de saúde, leva a que seja adiado o diagnóstico e o tratamento adequado, comprometendo seriamente a qualidade de vida das pessoas que sofrem deste tipo de patologia.O termo depressão é usado frequentemente de forma desadequada. Muitas vezes é preciso desmontar o conceito para se perceber que este é por vezes utilizado como sinónimo de tristeza.
Ao longo do ciclo de vida, todas as pessoas passam por períodos difíceis, marcados por infelicidade e desânimo. Estes sentimentos fazem parte da vida e tendem a desaparecer sem tratamento.
Quando falamos em depressão, estamos a fazer referência a uma doença, com sintomas específicos, que pode interferir de maneira significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral do adolescente, podendo até levar ao suicídio.
Muitas vezes os pais perguntam: mas afinal porque é que o meu filho está deprimido? Para esta questão não há uma resposta única, pois como na maioria dos problemas humanos é mais adequado falar em multi-fatores. Sabe-se, atualmente, que a depressão pode ser influenciada, na sua etiologia e manutenção, por fatores biológicos/genéticos, psicológicos e sociais.
Se bem que seja importante o porquê, também é muito importante o conhecimento dos sintomas, para evitar que a dor se prolongue no tempo e as consequências sejam irreversíveis. Não podemos esquecer que depressão e suicídio andam frequentemente de mãos dadas.
Existem vários sintomas que podem ajudar a identificar uma possível depressão:
- diminuição do rendimento escolar;
- isolamento social;
- desregulação dos padrões de sono;
- comportamentos de risco;
- incapacidade de lidar com o insucesso;
- fadiga;
- falta da sensação de prazer em atos que naturalmente a proporcionam;
- dificuldade de relacionamento com os pares;
- perda de interesse pela imagem corporal;
- ideação suicida.
Sempre que o seu filho adolescente apresentar algum destes sintomas FIQUE MUITO ATENTO E PEÇA AJUDA!