Narciso é uma figura dramática da mitologia grega, que ao saciar sua sede em um lago, apaixona-se pela sua imagem refletida no espelho d’água. Ele dilacera corações, mas é insensível aos efeitos de sua beleza sobre as ninfas.
É um ser que só pensa em si mesmo, sendo incapaz de amar. Narciso ignora o amor da ninfa Eco, e como castigo recebe o enamoramento por sua própria imagem, que o enfraquece até a morte.
Por isso que o termo narcisista maligno foi utilizado pelo psicanalista Erich Fromm para se referir ao indivíduo que não sente culpa e nem remorso, portanto, não consegue se relacionar de modo decente com ninguém.
Também caracterizamos esse sujeito como um narcisista patológico, que tem a necessidade de que outros os bajule. Assim, ele faz promessas para manter a dependência emocional das pessoas com quem se relaciona.
Aliás, o narcisista patológico não possui valores éticos, pois sua mente devaneia num mundo de grandiosidade, que não corresponde à vida real.
O narcisista patológico causa um “misancene”, ou seja, produz um jogo de cena a fim de impressionar a plateia, fingindo ajudar as pessoas. Isso serve para encobrir seu propósito egocêntrico: exaltar a si mesmo.
Na internet, ele cria bolhas virtuais, editando o espelho d’água do lago de Narciso, inflando sua importância, mostrando uma enorme carência de admiração e falta de “chá de semancol”.
Enfim, a melhor maneira de lidar com um narcisista é não entrar na sua neurose, que cria um ciclo de sofrimento às suas vítimas e conflitos com terceiros, que ousam questioná-lo.
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Jackson Buonocore
Sociólogo e psicanalista