Todos os dias se houve falar de crimes na sociedade. Mas para desvendar o mundo do crime, precisamos entender a dinâmica da violência que opera na lógica da loucura: esquizofrenia, psicose, parricídio e necrofilia.
Nessa dinâmica a figura do pai, da autoridade e da lei estão enfraquecidas na sociedade atual, tendo como o cerne diversos conflitos no campo criminal. Não é por acaso que uma parte expressiva de adultos e jovens se envolvem em crimes violentos não conheceu ou jamais soube quem foi seu pai. A figura paterna, a representação da lei, nunca estiveram presentes na vida desses sujeitos.
A psicanálise mostra que os grandes clássicos da literatura recorrem ao sentimento de culpa e angústia dos criminosos, sobretudo nas obras de Édipo Rei, de Sófocles, Hamlet, de William Shakespeare e Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, pois elas discutem o crime de parricídio, ou seja, quando o filho mata o próprio pai.
No Brasil a maioria dos presos são de baixa renda e negros, que foram abandonados pela figura do pai biológico, ignorados pelo mercado de trabalho e rejeitados pela sociedade. O Estado que representa o pai e a lei, exerce uma paternidade perversa, aprisionado os seus filhos em instituições desumanizantes.
As prisões estão superlotadas pelos filhos dos pobres, submetidos a todos os tipos de brutalidades. Os presídios no Brasil transformam os detentos em criaturas esquizofrênicas e psicóticas, facilmente aliciadas pelo crime organizado, tendo como modus operandi a vingança contra o Estado e sociedade, uma referência simbólica ao parricídio.
Muito políticos e autoridades têm um discurso necrófilo em relação a criminalidade que envolvem os pobres, exigindo uma justiça mais punitiva e apelam para construções de presídios como única solução do problema. Mas essa gente é pusilânime com o crime organizado, que conta a participação de uma elite, que para atingir seus objetivos irá extorquir, roubar e assassinar os membros sociedade e os agentes do Estado.
A polícia é chamada a resolver esses dramas da violência, envolvendo a pobreza e o crime organizado. Os policiais estão expostos a penosas jornadas de trabalho, a rígida hierarquia, a precários recursos matérias, a salários defasados, etc. Essas péssimas condições de trabalho geram sofrimento psíquico e risco de vida, levando alguns policiais a cometerem suicídios. Tudo isso é negligenciado pelas autoridades de segurança pública.
Parece que a sociedade está acordando de um sono anestésico no sentido de que essas coisas precisam ser enfrentadas e não sejam vistas como normais. Mas se tudo isso permanecer como está: o sentimento de culpa, angústia e morte atingirá sempre os mais pobres por terem nascidos em famílias desvalidas.
Imagem de capa: Shutterstock/Voinakh
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