Por Caroline Lima Silva
As relações humanas são mediadas pela comunicação como ferramenta de interação e linguagem na aproximação das pessoas. Neste sentido, o diálogo franco e honesto encontra-se como importante instrumento de cooperação, conciliação e mediação para a construção de pontes e vínculos mais duradouros no arenoso terreno da instabilidade emocional moderna em que nos encontramos.
Dialogar significa não apenas falar sobre sentimentos tão preciosamente essenciais no amadurecimento psíquico dos seres humanos, mas também escutar além do simples ouvir com todos os sentidos como um ato de amor ao outro. Para tanto, precisamos sair da individualidade natural de cada um para o desenvolvimento assertivo da empatia ao colocarmo-nos no lugar do outro, sem julgamentos imprecisos à luz das imperfeições da interpretação, desprovida de cautela e bom senso. Mais do que isso, dialogar permite o estreitamento dos laços afetivos, cujo impacto é enorme na construção do sentido de vida de cada pessoa, já que sem o afeto nada somos como humanidade.
Muitas vezes o diálogo é mal interpretado como verborragia excessiva sem objetivo nem resultado aparente, simplesmente pela falta de boa vontade em usar palavras de uma forma harmoniosa, bem como pela dificuldade em se manter uma postura de receptividade para com o outro, sem a condição defensiva que restringe a naturalidade da linguagem e da afetividade. Cada pessoa é responsável pela qualidade de sua comunicação e das relações que daí advém, construindo ou não inter-relações positivas que contribuam efetivamente para a colaboração no bem comum. A palavra, já se sabe, é mantra e ecoa no universo, impregnando-o de uma energia que pode tanto construir, quanto desorganizar mentes, comportamentos e afetos, culminando no progresso ou no atraso de uma sociedade. Por tal aspecto, falar é uma responsabilidade muito grande, porque pode ferir ou elevar a vida de outras pessoas numa fração de segundos.
Ao mesmo tempo, o silêncio, tão precioso na escuta sincera e despretensiosa de preconceitos, ainda é pouco familiar no campo da vida humana, já que, pela imposição de uma vida agitada e repleta de estímulos tecnológicos, acabamos por ser reféns da pouca intimidade com o eco interior que possuímos, sem condições de realmente termos paciência com o som do outro, suas colocações, em virtude do turbilhão de pensamentos que atribulam a mente. Nesse interim, nos afastamos do equilíbrio pessoal que consiste no primeiro requisito para o respeito a si, ao outro e ao que ele tem a dizer.
Quando tivermos a consciência do poder do diálogo que possuímos, seremos porta vozes de paz e amor uns para com os outros. Uma questão de vontade. Uma questão de humanidade.
Caroline Lima Silva
Psicóloga (CRP 07/16371)
Mestre em Psicologia – UFRGS