Por Marina Lemos
Existe, hoje, uma grande demanda de adolescentes para o suporte psicológico online independente ou associado ao suporte presencial. Deste modo, a escola que oferece o apoio online amplia o acesso dos jovens aos serviços psicológicos na escola (Fenichel et al, 2002). Este apoio é essencial diante do estigma no mundo em relação ao adolescente que procura o psicólogo escolar na própria escolar. Cooper (2013) sugere que seria interessante fazer uma avaliação se a eficácia e/ou custo-eficácia do aconselhamento na escola poderia ser melhorada através de estratégias não constrangedoras ou do apoio face a face com a oferta de aconselhamento online. Portanto, investimentos neste sentido são necessários.
Pesquisas sobre orientação psicológica online ainda são reduzidas e muitas pessoas, até mesmo profissionais da educação e da psicologia questionam sua eficácia. Porém, existe uma crescente demanda, pelos jovens, para este tipo de serviço. Uma recomendação que fazemos consiste na realização de pesquisas sobre a aplicabilidade do aconselhamento online nas escolas do Brasil.
Em 2014, Jeanette Hennigan, doutora pelo Instituto Metanoia de Londres, realizou uma pesquisa nas escolas do Reino Unido a partir das seguintes perguntas: Até que ponto as psicólogas escolares estão engajadas em diferentes formas de comunicação online com seus clientes? Quais seriam as principais motivações e barreiras para os psicólogos escolares que pretendem trabalhar desta maneira no futuro? Em termos de desenvolvimento, quais os tipos de treinamento e pesquisas que podem ser úteis para os psicólogos que pretendem ou que atuam nesta área? Esta pesquisa foi um dos estímulos para a construção do presente texto objetivando discutir a inserção de serviços online nas escolas. Embora esta pesquisa foi realizada em escolas no Reino Unido, tem grande valor para reflexão no interior de escolas do Brasil.
A pesquisadora Jeanette Hennigan realizou sua pesquisa de campo em 246 escolas do Reino Unido. Segundo ela, os resultados indicaram uma grande resistência acerca da inserção de serviços online nas escolas. A fala de alguns psicólogos que participaram da pesquisa pode ilustrar algumas das resistências observadas por ela:
Nesta pesquisa, aproximadamente 45% dos respondentes relataram que eles não estabelecem nenhum tipo de comunicação online com seus clients; 16% disseram que nada vai motivá-los a trabalhar desta maneira; e 52% disseram que já utilizam instrumento tecnológicos como meio de comunicação com seu cliente, porém para questões administrativas.
As principais barreiras reveladas pelos psicólogos escolares para trabalhar online foram: o impacto significante na relação terapêutica (61%) e questões relacionadas com a confidencialidade (44%). Diante disto, a autora sugere que pesquisas e treinamentos são necessários e devem ser realizados considerando três amplas categorias:
1) As necessidades específicas dos Psicólogos escolares,incluindoa evidência das demandas dos jovens, a aplicabilidade dos modelos tradicionais de trabalho escolar para a terapia online e direcionado a crianças que apresentam necessidades especiais.
2) Questões práticas, incluindo treinamento e suporte especificos para este grupo, gestão prática, custo e equipamento propiciando a segurança de dados.
3) Informacões sobre a OrientaçãoOnline de modo geral, incluindo informação a respeito da ética no trabalho online, preocupações tanto do cliente quanto do terapeuta sobre a confidencialidade e segurança da comunicação.
A pesquisadora relata que os resultados podem indicar que uma grande parte das barreiras encontradas para o oferecimento de terapia online nas escolas deve ser debatida e sugere que treinamento e educação continuada para os psicólogos escolares é a chave para abrir as portas para o grande potencial existente na orientação psicológica online nas escolas.
Em suma, existem vários aspectos a serem pesquisados e debatidos em relação à orientação psicológica online na escola o que possibilita a abertura de um campo de trabalho mais condizente com as necessidades atuais dos jovens.
Marina Lemos é psicóloga sob o registro CRP-03/03806.
Referências
Hennigan, J. Goss, S. 2014. UK secondary school therapists communication with with their pupils and their future intentions. Reino Unido
Cooper, M. 2013. School-based Counselling in UK Secondary Schools: A review and critical evaluation. University of Strathclyde, Glasgow.
Fenichel, M., Suler, J., Barak, A., Zelvie, E., Jones, G., Murok et al. 2002. Myths and realities of online clinical work. Cyberpsychology and Behaviour, 5, 481-497.
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