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O que é felicidade?

Algumas pessoas idealizam tanto acerca do que seria a dita “felicidade”, que exige esforço na mesma proporção para a quebra de conceitos e pré-conceitos em seu sistema de crenças, tornando assim os desafios mais evidentes. Isto não é uma crítica, apenas uma constatação do grau de dificuldade que se enfrentará para obtenção de resultados satisfatórios nesse processo todo de descobertas. Temos visto, esta busca beirar a patologia, como nos casos compulsivos onde a busca se concentra no exterior de si,como por exemplo compras excessivas, ginástica excessiva, beber excessivamente. A busca pela satisfação momentânea, como uma forma de inebriar os sentidos, evitação experiencial talvez. Mas, fato é que há um componente de busca de felicidade, para que em alguns casos um encontre um pseudo-alívio.

Há, todavia, quem considere a tristeza e a dor produtivas, argumentando que pessoas felizes são aquelas que lutam intensamente para a obtenção de bens, ou que tenham menos pelo que lamentar e mais pelo que lutar e que as adversidades de alguma forma “empurram” as pessoas em direção às conquistas. De certa forma, encontro algum sentido nisso, mas não vejo as pessoas desejando terem dificuldades ou chegando aos seus limites para a obtenção destas vantagens.

Será que felicidade coabita ou coexiste concomitantemente as adversidades? Pessoalmente acredito que felicidade está mais para um estado de espirito do que uma situação específica, lugar, etc… Pense em tantas pessoas que possuem tudo que alguém almejaria alcançar em termos de bens e sucesso, mas ainda assim são tristes ou mal-humoradas. Para alguma felicidade está correlacionada ao desempenho e capacidade de solucionar, contornar ou suportar conforme o caso, as adversidades. Estou tentada a gostar mais desta forma de ver.

No dicionário Michaelis a felicidade é: 1 Estado de quem é feliz. 2 Ventura. 3 Bem-estar, contentamento. 4 Bom resultado, bom êxito. F. eterna: bem-aventurança.

Para outros tantos, é o encontro de pessoas amigas ou familiares, ou viagens ou sua fé. Uma enorme gama de facetas tanto quanto grãos de areia na praia. Mas, não há uma receita segura e universal que traga felicidade à todos?

No âmbito comportamental, desenvolver habilidades para o controle pessoal, de seus impulsos destrutivos que danificam a vida e dos seus, costuma oferecer aos corajosos que se submetem as sessões de psicoterapia , aumento na capacidade de satisfação pessoal e assim alguma sensação de satisfação pessoal e auto estima mais elevada. Por exemplo, uma pessoa que decide como começara seu dia, programando -se quando necessário para situações que precisará enfrentar, terá mais chances de apresentar um nível de satisfação maior em relação ao resultado, do que uma pessoa que dorme tarde, já preocupada, acorda sem vontade de levantar e chega atrasada ao trabalho. Podemos pensar neste exemplo, ou em outras inúmeras situações. Já fiz alguns experimentos, mas o convido para uma observação: não fornece mais satisfação, ao invés de escolherem por nós, como iniciar nosso dia? Antes do mal humor, a desordem, o estresse se alojarem em nós sem nos deem outra escolha?

Não lhe causa satisfação escolher com mais tempo e folga onde, a forma e o local para viajar de férias; suas roupas; os móveis de sua casa; o filme que assistirá, etc? A fantasia de que é no exterior de si que reside o tal estado perpétuo de felicidade que , esta busca beira a patologia, como nos casos compulsivos ,como por exemplo compras excessivas, ginástica excessiva, beber até mesmo agua excessivamente, em nome da saúde. A busca pela satisfação momentânea, como uma forma de inebriar os sentidos, evitação experiencial talvez. Mas, fato é que há um componente de busca de felicidade, em alguns casos um pseudo-alívio.

Mas, como poderemos melhorar nosso nível de satisfação diária sem que tenhamos que recorrer a idealizações de supostos estados contínuos de felicidade ? Não se trata de uma fórmula mágica, mas comportamentos que nos aproximem de algo parecido com a felicidade. O que é inconcebível para uns, é a oportunidade ideal para outros de serem responsável por algo, ou por alguém além de si mesmos. Parece estranho ao primeiro momento falarmos sobre o que traz felicidade para alguns, mas, há quem extraia no trabalho componentes de extremo prazer.

Há características que predispõem a comportamentos de auxílio a outrem como forma de satisfação pessoal, veja por exemplo no caso da mãe com seus filhos, ou em escalas diferentes, o prazer em cuidar de um animal, de uma planta, de uma horta. Poderemos extrair em situações simples, estados de felicidades. Assim pluralizamos este adjetivo feliz, para o substantivo abstrato.

 

Talvez possamos compreender com isso que ser feliz passa a ser um estado emocional no qual nos permitiríamos encontrar prazer sem tantas idealizações, como ir ao trabalho animado com as possibilidades lhe render uma vida mais agradável, como por exemplo promoção, criar algo diferente do corriqueiro ou pagar suas contas, comparado com alguém que só percebe o trabalho como um fardo, a família como problemas, as contas como um estresse e por aí afora….algo ao qual ele seria obrigado a submeter-se todos os dias.

Então ser feliz não significa não ter problemas? Ok, já entendemos que sim eles veem no pacote, mas talvez também implique em “não procurar por problemas”. Digo isso pois observo a diferença de comprometimentos , por exemplo, procurou um animal, mas abandonou, arrumou uma horta para cuidar, mas detesta terra ou sujeira. Há quem receba isto como um fardo, responsabilidade da qual entrou sem ter solicitado. Observar seus limites é saudável.

Para concluirmos, se pudéssemos resumir a uma fórmula mágica, já sabendo de antemão inexistir, mas somente a título de exercício de imaginação. Poderíamos dize-lo em três palavras : Dedicação, esforço e tempo. Uma vida sem esforço pode ser causa de adoecimentos, por ser tediosa. Mas, por outro lado, não ocuparmo-nos em atividades que nos tragam algum tipo de gratificação. Segundo o Psicólogo americano Daniel Gilbert: Felicidade é capacidade de imaginar um futuro satisfatório. Muito embora pessoas, especialmente as ansiosas, ou depressivas temerem a incerteza que é inerente a vida humana. A necessidade permanente de controle, como se administrar as incertezas que os dias nos oferecem naquele dia já não fossem suficientes.

Imagem de capa: Shutterstock/Africa Studio

 

Laila Ali Wahab Morais

Advogada, psicóloga clínica e escolar

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