Por Cecilia Zylberstajn
Nós, seres humanos, definimos o modelo de como nos relacionamos com o mundo e as pessoas quando ainda somos pequenos. Nossas experiências infantis são tão marcantes que carregamos este aprendizado pela nossa vida inteira, passando pela nossa infância, adolescência, até chegar à idade adulta.
Num certo ponto da nossa vida, entretanto, percebemos que esta forma de interagir com o mundo está desatualizada. Sentimos que aquele “nosso jeito” já não funciona mais tão bem, mas muitas vezes temos dificuldade de agir de outro modo, e sofremos muito com isso. Sentimos que precisamos de uma “mãozinha” para provocar uma mudança no nosso jeito de ser. Essa “mãozinha” é a psicoterapia.
Este modelo de nos relacionarmos com o mundo se estabelece tanto de forma comportamental quando fisiologicamente. Criamos um circuito neuroquímico no nosso cérebro. É como se o nosso corpo fosse uma mata fechada e, quando crianças, com a coragem e ousadia infantil, abrimos um caminho através dela. Toda vez que quisermos atravessar a mata, é mais fácil ir pelo caminho já aberto. É deste modo que reagimos às situações, muitas vezes agimos no “automático”.
Assim, na psicoterapia, procuramos novas formas de nos relacionar com o mundo, para sermos mais espontâneos, ou seja, menos “automáticos”. Temos que falar de dificuldades do presente, que muitas vezes nos remetem a fantasmas do passado. Confrontamos estas situações difíceis e atualizamos o nosso modo de interação com o mundo para que soframos menos e sejamos mais livres.
Fazer psicoterapia é abrir novas trilhas nesta mata, chegar a lugares nossos que não conhecemos. Exige muito esforço e empenho, mas com certeza vale à pena.
Imagem de capa: Shutterstock/mimagephotography
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