Por Sandra Melo
Não é uma gagueira verdadeira: é um sintoma de conversão (histeria). Neste caso, a alteração na fluência da fala é a expressão de um conflito psicológico. De modo geral, a pseudogagueira apresenta as seguintes diferenças em relação à gagueira verdadeira:
– As hesitações/disfluências gaguejadas tendem a ser altamente estereotipadas, havendo, por exemplo, a repetição da sílaba inicial, da sílaba tônica ou da sílaba final das palavras. Os sintomas traduzem a idéia que a pessoa possui da gagueira. Entretanto, se houver acesso a um modelo de gagueira, as hesitações/disfluências podem ocorrer de forma convincente.
– Comportamentos acessórios também dependem de acesso a um modelo de gagueira.
– Comportamentos de fuga e evitação tendem a ser pouco frequentes.
– A pessoa geralmente não está consciente de seu distúrbio de fala (la belle indifférence).
– O início da gagueira tende a ocorrer subitamente.
– Todos os casos relatados na literatura envolveram adultos.
– Admite-se que sua causa seja psicogênica, porque a gagueira ocorre em relação temporal estreita com eventos traumáticos, problemas insolúveis ou insuportáveis e relações interpessoais difíceis.
– O diagnóstico psiquiátrico é de transtorno de conversão (CID-10: F44).
– Geralmente há histórico de outros transtornos mentais.
– A fluência tende a não melhorar significativamente em situações como canto, leitura em coro e feedback auditivo atrasado.
Referências bibliográficas:
MAHR, Greg & LEITH, William. (1992). Psychogenic stuttering of adult onset. Journal of Speech and Hearing Research 35, p. 283-286.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. (2003). Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Volume 1. 10ª revisão. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
TEXTO ORIGINAL DE GAGUEIRA.ORG