Por David Robson
Ninguém pode negar que a sexualidade humana é algo complicado. Além de existir uma variedade enorme de formas de prazer, nossas preferências também variam de um país para outro, de pessoa para pessoa e de um dia para o outro.
Por isso, definir o que é uma vida sexual “normal” é uma tarefa praticamente impossível. As possibilidades são tantas que uma só estatística não seria capaz de produzir um retrato fiel de como a maioria das pessoas se sente.
A BBC Future examinou as evidências e os números compilados por vários estudos científicos para ter uma ideia da amplitude do espectro sexual humano – do quanto realmente queremos fazer sexo ao que de fato acontece entre os lençóis.
É claro que muitas pesquisas sobre comportamento sexual não são muito confiáveis, já que falar de sexo ainda é um tabu. Muitos participantes não revelam a verdade ou podem exagerar nas respostas para se exibir. Mas os números abaixo podem dar um panorama sobre a vida sexual no século 21.
Já se sabe que é muito difícil quantificar orientações sexuais: estimativas sobre o número de homossexuais nos Estados Unidos, por exemplo, variam de 1% a 15% dependendo de quem for indagado, como a pergunta for feita ou se falamos de atração, comportamento ou identidade sexual.
Ainda assim, algumas pesquisas recentes, realizadas em todo o mundo, sugerem que de 0,4% a 3% dos homens e mulheres têm uma ausência completa de desejo sexual (o que não quer dizer que elas nunca se relacionaram).
A exata prevalência da assexualidade é desconhecida, mas hoje há cada vez mais indivíduos com coragem de assumir que não sentem desejo sexual algum.
Fonte: Psychology and Sexuality
Temos uma noção equivocada de que a maioria dos casos de relações sexuais casuais envolve pessoas que acabamos de conhecer. Na realidade, o sexo ocorre em vários tons de informalidade, e, ao menos nos Estados Unidos, o “ficar” com alguém desconhecido é algo raro, conforme mostra uma pesquisa recente da Universidade de Indiana: 53% dos entrevistados reportaram ter relações com seus próprios parceiros de longa data; 24% com “ficantes”; 12% com “amigos”; 9% com alguém que se acaba de conhecer e 2% com garotos e garotas de programa.
Apesar de a estatística ser ligeiramente diferente no caso de adolescentes e jovens de 20 a 30 anos, os números em geral não mudam muito em relação a pessoas com até 60 anos de idade.
Em outras palavras, para quase 50% da população, sexo “é complicado”.
Fonte: Journal of Sexual Medicine
De acordo com uma abrangente pesquisa sobre sexo realizada nos Estados Unidos com mais de 50 mil entrevistados com mais de 18 anos, a maior parte das pessoas (40%) faz sexo de uma a três vezes por semana.
O segundo maior grupo (28%) é o daqueles que têm relações sexuais de uma a duas vezes por mês, enquanto 18% dos entrevistados disseram não ter feito sexo no ano inteiro anterior à pesquisa.
Apesar de a frequência cair com a idade, ela não é tão baixa quanto se imagina. Uma pesquisa feita com cidadãos idosos (com 70 anos, em média), e publicada em dezembro por estudiosos das Universidades de Chicago e de Toronto, indica que pelo menos 50% deles faz sexo mais de duas vezes por mês. Outros 11% disseram ter relações regularmente toda semana.
Fontes: Social Indicators Research e Archives of Sexual Behaviour
Outra pesquisa realizada nos Estados Unidos, com dois mil voluntários de 18 a 59 anos, perguntou que tipo de penetração eles experimentaram na última vez em que fizeram sexo.
A penetração vaginal foi a preferência de 86% das mulheres e de 80% dos homens. Dentre os entrevistados, 67% das mulheres e 80% dos homens disseram ter feito sexo oral, enquanto o sexo anal foi praticado por 3,5% das mulheres e 9% dos homens.
Fonte: The Journal of Sexual Medicine
Segundo uma pesquisa online realizada no Canadá e nos Estados Unidos, apesar de mulheres homossexuais relatarem fazer sexo menos frequentemente que homens gays ou casais heterossexuais, pode-se tratar aqui de um caso de “menos é mais”.
Elas relatam que suas relações duram de 30 a 45 minutos, enquanto casais heterossexuais ou de homens homossexuais reportam que o sexo dura de 15 a 30 minutos.
Fonte: Canadian Journal of Human Sexuality
O senso comum é de que apenas as mulheres conseguem fingir a chegada ao clímax, mas um estudo da Universidade do Kansas revelou que um número relativamente alto de homens – 1 em cada 4 – simula o orgasmo em algum momento das atividades sexuais, enquanto metade das mulheres confessa fazer isso.
Como é de se imaginar, o principal motivo para a simulação é simplesmente para não magoar seus parceiros. O curioso é que, apesar de assumirem seu próprio fingimento, apenas 20% dos homens acreditam que suas parceiras fariam o mesmo.
Fonte: Journal of Sex Research
TEXTO ORIGINAL DE BBC
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