Um estudo realizado pela Universidade Concórdia, em Montreal, trouxe novas explicações científicas para um comportamento comum: a repetição de checagens para confirmar se a porta do carro está realmente fechada. Esse ato aparentemente banal, segundo a pesquisa, pode ter raízes profundas em transtornos de ansiedade, como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
Pressa, tensão e lapsos de memória
Em meio ao ritmo acelerado da vida moderna, momentos de dúvida e esquecimento são frequentes. A pesquisa aponta que é comum as pessoas se questionarem se cumpriram tarefas simples, como trancar portas, especialmente antes de ausências prolongadas. Esse tipo de dúvida é amplificada pela pressa e pela sobrecarga mental, fazendo com que muitos voltem para verificar repetidamente uma ação.
De acordo com o coautor do estudo, Adam Radomsky, “o medo de perder o controle pode desencadear comportamentos obsessivos”. Essas repetições podem prejudicar as relações pessoais e profissionais, além de impactar negativamente a saúde mental.
O estudo envolveu 136 alunos, dos quais 133 foram selecionados para experimentos que testaram a reação sob pressão. A pesquisa introduziu manipulações para medir o impacto das crenças e do controle sobre as verificações repetitivas.
Os participantes interagiam com um computador, pressionando teclas para fazer imagens aparecerem em diferentes velocidades. Quem recebia feedback negativo demonstrava maior tendência a repetir ações, indicando que a insegurança aumenta a necessidade de controle — comportamento comum em pessoas com TOC.
TOC e seu impacto global
Segundo a pesquisa, cerca de 2,5% da população mundial vive com transtornos obsessivo-compulsivos, destacando a necessidade de atenção ao problema. “Compreender o que está por trás desses comportamentos é essencial para desenvolver tratamentos eficazes”, acrescenta Radomsky.
Especialistas buscam formas de ajudar pacientes a controlar pensamentos obsessivos e a reduzir a ansiedade relacionada à perda de controle. O objetivo é melhorar a qualidade de vida daqueles que convivem com esses transtornos, promovendo intervenções que facilitem o manejo do TOC e outras condições associadas.
Esse estudo oferece uma nova perspectiva sobre comportamentos cotidianos aparentemente simples, revelando a importância de se entender as conexões entre ansiedade e rotina.
