Penso que muitas vezes não temos consciência do dano que podemos causar com nossos atos e palavras. Esta é uma armadilha comunicativa bastante comum, até mesmo para as pessoas mais reflexivas. Imagine para as pessoas que comunicam seus pensamentos enquanto eles vêm à mente? Por outro lado, este problema acentua as consequências negativas quando o impulsivo é um pai ou uma mãe com seu filho.
Disse Bernardo Stamateas, autor do famoso livro “Gente Tóxica”: “Não se amarre a quem não se alegrar com seus êxitos”. Mas eu me pergunto, o que acontece quando uma criança está em causa? Pense que ela não pode mudar de pai ou de mãe como quem muda de amigos ou de colegas de trabalho.
Embora o livro de Stamateas tenha se tornado muito popular, o termo “pai tóxico” foi melhor cunhado por Susan Forward. Esta psicóloga norte-americana é autora de uma obra chamada “Pais que Odeiam”, também bastante popular.
Para Forward, um pai tóxico é uma pessoa que causa sofrimento em seus filhos. Os meios, assim como as motivações, são muito variados. Os meios com que os pais podem ser tóxicos incluem manipulação, exigências excessivas, maus-tratos, etc.
Mas há uma pergunta clara, o que acontece na mente de um pai para provocar uma criação tóxica em relação a seu filho? Segundo a autora, tudo parte dos seus próprios traumas, relacionados com o egoísmo ou o narcisismo. Seus triunfos e suas conquistas pessoais são o mais importante, e se eles não conseguem alcançá-los, projetam suas frustrações em seus filhos, humilhando e minando sua própria autoestima.
Através de diversos estudos e pesquisas, psicólogos como Forward foram desvendando em quais aspectos um filho mais sofre com seu pai tóxico. Diríamos que é extremamente importante ter isso em mente para poder identificar essas atitudes e tentar solucioná-las.
Se um pai não tolera o fracasso de um filho, é provável que isso se transforme em atitudes ou comunicações tóxicas. Assim, eles podem se mostrar exigentes e perfeccionistas ao extremo. Isso faz com que eles estejam constantemente a lembrar o filho sobre os erros que ele cometeu, e por isso ele se sentirá realmente afetado. No fundo, o que acontece é que o progenitor projeta sua baixa autoestima e seu sentimento de inferioridade no filho.
A paternidade tóxica costuma basear suas justificativas na manipulação. Eles detectam os pontos fracos da criança e os exploram para alcançar seu objetivo. Como é lógico, a criança acaba por se sentir controlada, agoniada, e até mesmo incapaz de tomar suas próprias decisões.
Evidentemente, o pai tóxico é pouco tolerante e autoritário em excesso. Ele obriga a criança a se comportar de determinada forma sem levar em conta seus sentimentos ou necessidades. Esta inflexibilidade faz com que a criança seja pouco alegre, pois não sente compreensão, proximidade e carinho por parte de seu progenitor.
Um ponto crítico dos pais tóxicos aparece quando eles começam a praticar maus-tratos físicos, pois já estão acostumados a praticar maus-tratos verbais antes que a situação fique mais severa. Desta forma, os palavrões, os insultos e as pancadas que minam a segurança e a autoestima da criança começam a ser reproduzidos.
Os pais que exercem uma criação tóxica não só são exigentes até a loucura, como também são críticos em excesso. Eles raramente elogiam seus filhos. Por mais que façam uma tarefa bem, eles sempre verão o lado negativo, o que pode ser corrigido, o que pode ser melhorado, o que é censurável. É claro, eles não levam em conta a idade de seu filho, as suas capacidades, a sua intencionalidade, etc. Esta atitude coloca as crianças na defensiva, e elas vão pensar que essa é a única maneira de se relacionar com o mundo.
Se há algo imprescindível para uma criança é o carinho e o afeto de seus entes queridos: o que se sente, mas também o que se demonstra. Os vínculos definirão em grande medida o desenvolvimento da criança. Pense que um filho que não se sinta amado por seus pais será uma criança triste e apagada.
O pai tóxico, ao projetar sua frustração no filho, fará com que ele se sinta culpado. Cada fracasso do progenitor será projetado na criança, que cada dia estará mais irritada e insegura.
Antes de encerrar este artigo, gostaríamos de lembrar que um pai tóxico também é pouco comunicativo, superprotetor e tentará que seu filho viva a vida que ele não pôde viver; assim, raramente aceitará desejos e aspirações da criança que saiam deste caminho traçado. Falamos de um pai egoísta que tratará de planejar cada detalhe do mundo de seu filho. Em suma, uma criança que vai desenvolver graves problemas afetivos relacionados com a autoestima, a responsabilidade e a segurança em si mesmo.
Imagem de capa: Shutterstock/Roman Yanushevsky
TEXTO ORIGINAL DE A MENTE E MARAVILHOSA
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