O que você quer ser quando crescer?
Que menino ou menina jamais ouviu tal pergunta?
E a pergunta provoca as mais variadas respostas.
As crianças menores querem ser astronautas para ‘brincar na lua’ ou se tornarem pipoqueiros para ‘comer todas as pipocas’. As mais velhas, por sua vez, têm desejos mais pautados no real. Elas querem ser médicos para curarem o mundo e ‘ninguém mais sentir dor’ e há quem deseje se tornar veterinários para ‘cuidar dos bichinhos’.
Entre os jovens, as projeções são mais genéricas e começam a ser realistas. Eles querem trabalhar para ajudar os pais, ter o próprio dinheiro ou ficar ricos.
A constância desse tipo de interrogação feita às crianças e jovens deve-se à curiosidade adulta quanto ao futuro das gerações. Curiosidade movida por inúmeros aspectos.
Dentre eles, enumeramos: a tendência dos membros adultos de proteger as gerações futuras; preocupação com o impacto das escolhas ocupacionais no destino dos pequenos; vontade de ajudar os brotos das próximas gerações a realizar feitos grandiosos; projeção de dificuldades dos próprios adultos para lidar com eficiência com questões profissionais; ardor dos mais velhos para inspirar grandeza nas verdes gerações; preocupação com a segurança econômica da sociedade. Entre outros motivos.
De fato, não há como duvidar de que provocar visões inspiradoras nas gerações sucedâneas é papel social que cabe aos adultos, uma vez que ao lhes provocar pensamentos sobre o porvir, sinalizamos aos pequenos que eles herdarão os tempos vindouros e precisarão se preparar.
É certo que as respostas dadas a essas perguntas são projeções apoiadas na experiência infantil ou muito jovem e por isto, são respostas limitadas e eivadas de fantasias. Mas são importantes por revelarem têmpera, visões e sonhos de quem as responde e, também, por serem exercícios na formação da consciência de que é preciso se preparar para receber o bastão que os ligará ao futuro.
E se você pensa que a necessidade dessa pergunta cessa com o passar do tempo, é bom rever crenças. E a razão é simples. Somente quando maduros, somos capazes de construir visão mais consciente de opções ocupacionais e estilos de vida adequados a nós.
O que muda é que com o passar do tempo, somos nós mesmos que devemos nos perguntar. Além disso, a pergunta deve vir no pretérito. Isto mesmo, em vez de: ‘o que eu quero ser’, pergunte-se ‘o que eu queria ser?
Você verá que é proveitoso examinar antigos anseios para ver o quanto ainda se encaixam no seu projeto; se perderam brilho; se continuam válidos ou mudaram.
Experimente. Interrogue-se: ‘o que eu queria ser?’
Deixe as imagens e ideias correrem no pensamento.
E a partir das respostas, vá extraindo informações sobre você. É o que chamamos ‘escuta de si’. Uma tomada de consciência de como fomos nos transformando para vermos o que precisa ser interrompido, mantido ou aprimorado. Às vezes, até respostas que consideramos válidas pela vida inteira, de repente, pedem remendo ou reconstrução.
O futuro é dado pelo conjunto das escolhas, omissões e eventos aleatórios que nos ocorrem, sendo assim, é sempre tempo de rever percursos, redirecionar rumos ou aprender a conviver com maior serenidade com o que não pudermos alterar.
Não importa o quanto tenhamos caminhado; quantos erros, acertos, escolhas boas ou erradas tivermos colecionado. No limite, o que as visões ocupacionais de futuro revelam é o desejo de construir uma história de vida estável e feliz.
Mas para isso é preciso um constante reexame para achar respostas que façam sentido à nossa história e coragem para desinstalar crenças e certezas que nos impedem de avançar ou crescer.
Imagem de capa: Shutterstock/Sunny studio
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