Desde criança fomos ensinados a sentir culpa quando cometemos um erro, sentimento que nos acompanha por toda a vida. Porém, o sentimento de culpa carrega uma carga negativa ou positiva sobre nós, que resulta em sofrimento ou aprendizado.
A culpa normal é um sentimento saudável, pois trata-se de um mecanismo que está associado à nossa consciência moral. Nesse caso, a culpa nos sinaliza da necessidade de reparar os erros, à medida que violamos algum valor, que acreditamos ser prejudicial para outrem.
Aliás, os indivíduos equilibrados recorrem a sua consciência para lidar com o sentimento de culpa, pedindo desculpas e reconhecendo os seus erros. Entretanto, como disse Chico Xavier: “Nunca se culpe por ter amado. Por ter confiado. Por ter ajudado. Nunca se culpe por acreditar na bondade humana, na amizade verdadeira, no amor eterno. Estamos no mundo para ganhar e perder.”
O problema é no momento em que o sentimento de culpa se transforma em patológico, nos induzindo a repetir os mesmos equívocos e a nos julgar de modo severo, o que pode provocar transtornos psicológicos.
O sentimento de culpa patológica nos recrimina constantemente. E, nessas situações, a culpa torna-se psicossomática, onde surgem as doenças relacionadas às emoções e pensamentos, que afetam o corpo, a mente e alma, como por exemplo, se alguém com pouca autoestima sente que deve agradar os demais o tempo todo e se não tiver sucesso irá se culpar por isso.
Na verdade, existem sujeitos que buscam culpar os outros pelos seus desacertos na vida: culpam a família, a escola e o emprego, culpam a falta de sorte, o clima, o horóscopo e o alinhamento dos planetas, se culpam por não ter conseguido sair da zona de conforto, se culpam porque não tornaram os seus sonhos uma realidade, etc.
Assim, criamos um ciclo vicioso de culpabilização para justificar as nossas falhas ou responsabilizar as outras pessoas. Todavia, não adianta buscar soluções paliativas, como alertou o escritor Augusto Cury: “Antidepressivos tratam a dor da depressão, mas não curam o sentimento de culpa e nem tratam a angústia da solidão.”
Portanto, é essencial reconhecer que todos temos defeitos e fraquezas, e para tanto, podemos procurar apoio psicoterapêutico, a fim de cortar as raízes da culpa patológica, que se não tratada pode arruinar a nossa vida.
É importante ressaltar que as religiões, de maneira especial, a fé cristã trata a culpa como um sentimento necessário ao arrependimento, que melhora a nossa vida pessoal e espiritual. É como disse o Padre Fábio de Melo: “Uma coisa é a gente se arrepender do que fez! Outra coisa é a gente se sentir culpado. Culpas nos paralisam. Arrependimentos não! Eles nos lançam pra frente, nos ajudam a corrigir os erros cometidos”.
Enfim, lembramos que apenas os psicopatas nunca sentem culpa pelos erros e maldades que cometem, já que eles fazem o que for preciso para levar vantagens. Contudo, as pessoas normais sentem culpa e conseguem superar e aprender com o sofrimento que tal sentimento acarreta, a decisão é nossa!
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