Obedecer cegamente os pais pode atrapalhar o desenvolvimento da criança. Pelo menos, é o que defende o cientista social americano Robert Putnam em seu último livro, “Our Kids: The American Dream in Crisis” (“Nossos Filhos: o Sonho Americano em Crise”, em livre tradução do inglês), publicado em março.
Segundo Putnam, no curto prazo, determinar tudo o que o filho deve fazer é cômodo e permite que se ganhe tempo na agenda diária, mas essa atitude também pode deixá-lo inseguro e dependente. Estimular que ele pense por si próprio e aprenda a organizar a própria vida dá muito mais trabalho, mas aumenta a habilidade do filho para viver em um mundo cada vez mais complexo.
O cientista social não está sozinho na sua crença. Um estudo científico realizado na Universidade do Estado do Kansas, nos Estados Unidos, avaliou nas crianças o impacto de obedecer e de desobedecer. Segundo os cientistas, as que não acatam tudo o que os pais dizem têm grandes chances de se tornarem líderes de empresas no futuro, já que a desobediência faz com que explorem mais os limites e aprendam coisas novas.
Isso não quer dizer que as crianças devam fazer o que querem. O que está em jogo aqui é algo que os educadores e psicólogos chamam de “construção da autonomia”, ou seja, a capacidade de tomar as próprias decisões.
A partir dos três anos, é possível proporcionar à criança algumas situações de escolha, desde que adequadas às expectativas sociais de convivência, aos recursos financeiros e aos valores familiares. Aos poucos, os pais devem estimular o filho a fazer escolhas e a lidarem com as consequências delas. Algumas regras, porém, são inegociáveis, como hora para comer, dormir, tomar banho, estudar, agir com gentileza, não bater nos irmãos.
Fontes: Gisela Wajskop, educadora e pesquisadora vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo; Rita Calegari, psicóloga do Hospital São Camilo, de São Paulo; Paulo Afonso Ronca, doutor em psicologia educacional pela Unicamp (Universidade de Campinas); Lígia Pacheco, mestre em filosofia da educação pela USP (Universidade de São Paulo).
Um homem foi arremessado de um carro em movimento após se recusar a sair do…
A jornalista inglesa Emma Flint conta que só descobriu o termo abrossexualidade aos 30 anos,…
Uma recente declaração de um padre sobre o uso de biquínis gerou um acalorado debate…
Saiba como traumas vividos na infância podem influenciar a vida adulta e como é possível…
Esta jóia do cinema disponível na Netflix envolve o espectador em uma trama de desejo…
Um filme ambicioso e bem realizado que fascina pelo espetáculo visual e pelas perguntas filosóficas…