Obesidade

Obesidade feminina pode ser resultado de relações mal resolvidas

 

A obesidade não é defeito moral, ao contrário do que muita gente pensa, pois todo o excesso de gordura revela algo oculto, muitas vezes aos próprios obesos. Quem já não ouviu, em relação a si mesmo ou ao outro, comentários sobre a fraqueza moral ou a “falta de vergonha” a respeito de alguém que, por alguma razão, está gordo? No entanto, comer exageradamente, tal como fumar ou beber em excesso, é uma compulsão que deve ser tratada.

Em artigo na Revista de Medicina, Teodoro, Koga e Nakasu enfocam uma pesquisa sobre a relação mãe-filha e os vínculos arraigados em sua ligação com a obesidade. Trata-se de verdadeiros padrões que parecem acompanhar a trajetória de 12 pacientes obesas avaliadas no Programa de Cirurgia Bariátrica de um hospital escola no Sul de Minas Gerais. Ao investigar tais padrões, as autoras apontam para a ocorrência de ganho de peso após a gravidez, como fuga e/ou consequência de abuso sexual, de problemas gerados pela superproteção e dominação maternas e pelos abandonos materno e paterno. Tudo isso gera insegurança, baixa autoestima e depressão.

A comida aparece como mecanismo compensatório, culminando em outros problemas de saúde. Quando as calorias ingeridas são maiores do que o gasto de energia do organismo, estabelece-se um “desequilíbrio do balanço energético e consequente acúmulo de tecido adiposo no corpo”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera essa patologia uma questão de saúde pública.

Para Teodoro, Koga e Nakasu, o ato compulsivo de comer pode querer encobrir o fracasso na relação com a mãe. O estudo conduziu à conclusão de que “a comida pode estar associada a uma forma de compensação por uma frustração ou afetos que a pessoa não sabe identificar […], na tentativa de obter um alívio para si mesmo ou o mascaramento desses problemas”, o que leva ao ato compulsivo de comer como uma saída psíquica, conforme explica a psicologia. Dessa maneira, as autoras alertam que o tratamento da obesidade deve levar em conta os conflitos na relação mãe-filha, pois estes se mostram, muitas vezes, desencadeadores da obesidade feminina.

Maria Vilela Pinto Nakasu é formada em Psicologia pela PUC-SP, mestre em Metodologia das Ciências e mestre e doutora em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos, pós-doutora pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo e atualmente leciona na Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIT) e na Residência Multiprofissional em Saúde (HE). mvilelanakasu@gmail.com

Paula Pereira Teodoro é acadêmica do 4° ano da Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIT).

Tatiane Mitsue Koga é acadêmica do 4º ano da Faculdade de Medicina de Itajubá (FMIT).

TEODORO, Paula Pereira; KOGA, Tatiane Mitsue; NAKASU, Maria Vilela Pinto. Investigação dos padrões relacionais do vínculo mãe-filha envolvidos na obesidade feminina. Revista de Medicina, São Paulo, v. 96, n. 2, p. 63-72, jun. 2017. ISSN: 1679-9836. Disponível em Revistas Usp – Acesso em: 27 jun. 2017.

Imagem de capa: saltodemata/shutterstock

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

Recent Posts

Obra-prima da animação que venceu o Oscar está na Netflix e você precisa aasisstir

Uma pequena joia do cinema que encanta os olhos e aquece os corações.

4 horas ago

O filme da Netflix que arranca lágrimas e suspiros e te faz ter fé na humanidade

Uma história emocionante sobre família, sobrevivência e os laços inesperados que podem transformar vidas.

5 horas ago

Dicas para controlar os gastos e economizar nas compras

Você ama comprar roupas, mas precisa ter um controle melhor sobre as suas aquisições? Veja…

1 dia ago

Minissérie lindíssima da Netflix com episódios de 30 minutos vai te marcar para sempre

Qualquer um que tenha visto esta minissérie profundamente tocante da Netflix vai concordar que esta…

1 dia ago

Saiba o que é filofobia, a nova tendência de relacionamento que está preocupando os solteiros

Além de ameaçar os relacionamentos, esta condição psicológica também pode impactar profundamente a saúde mental…

1 dia ago

‘Mal posso esperar para ficar cega’; diz portadora de síndrome rara cansada de alucinações

Aos 64 anos, Elaine Macgougan enfrenta alucinações cada vez mais intensas conforme sua visão se…

2 dias ago