Os sentimentos de ardor substituem a intensidade do fascínio (o pensamento obsessivo sobre o ser amado, a idealização, o intenso desejo de estarem juntos, os altos e baixos, os picos e os vales, o júbilo quando estão juntos e o desespero quando estão separados) com o correr do tempo. Mas, a menos que se rompa, o laço amoroso persiste. Casais casados há mais de quarenta anos me disseram que se sentem tocados emocionalmente quando se veem, como ocorria há décadas.
O desvelo é acreditar e deixar que o parceiro saiba que “você é importante para mim. Preocupo-me com o que aconteça a você. Vou zelar por você”. Dois grandes aspectos desse desvelo estão em se preocupar com o bem-estar do companheiro e estar pronto para ajudá-lo ou protegê-lo. Ao contrário da governanta assalariada, que tem um trabalho a fazer, você ajuda o seu companheiro porque gosta dele e porque sente algo especial por ele. Assim, a preocupação e a afeição são essenciais para o desvelo.
Expressões de afeto são formas óbvias de fomentar sentimentos de ardor no companheiro, tão óbvias que discuti-las pareceria supérfluo. Entretanto, com o evoluir do casamento, os gestos de afeto como abraçar, cochichar palavras de amor cada vez mais se limitam ao quarto de dormir. E, nos casamentos em conflito, podem desaparecer por completo.
A aceitação tende a ser incondicional no relacionamento amoroso maduro. Você consegue reconhecer as diferenças nas ideias sobre religião, política, e sobre as pessoas sem que se façam críticas ásperas nos pontos de divergência; você consegue aceitar as fraquezas do companheiro sem agir como juiz. Essa aceitação é profundamente tranquilizadora. Dá a cada um uma sensação de aceitação de si mesmos. Se o casal puder se aceitar totalmente – seja o que for – , pode relaxar e baixar a guarda. […] Claro que aceitação não significa fechar os olhos para as falhas do outro, mas, numa atmosfera de aceitação, você consegue elaborar com o seu companheiro tudo o que vem contra e interfere no relacionamento. Note que se o amor for condicionado ao “bom comportamento”, você nunca conseguirá a intimidade que é possível quando o amor é gratuito e o bom comportamento, uma meta elaborada pelos dois juntos.
Empatia é a capacidade de sintonizar com os sentimentos do parceiro – de experimentar, em certa medida, o seu sofrimento ou prazer, a sua dor ou alegria. Quando as pessoas se atormentam com preocupações ou fortes emoções, sejam de tristeza ou de euforia, podem temporariamente perder a faculdade empática.
Sensibilidade às preocupações e aos pontos vulneráveis do parceiro é elemento essencial quando se quer reduzir os sofrimentos desnecessários. Embora algumas pessoas tenham mais sensibilidade do que outras, trata-se de uma qualidade que pode ser cultivada. Se o parceiro reagir de forma exagerada a certas coisas que você faz, por exemplo, em vez de ser crítico ou defensivo, pare para considerar qual o problema que subjaz à reação. Explore com delicadeza os temores e as preocupações mais íntimas dele. Resista à tentação de atribuir a reação exagerada a um traço indesejável de caráter, como impulsividade ou necessidade de controle. Perceba que tais reações são sinais de vulnerabilidades ocultas.
A compreensão é semelhante à sensibilidade mas acarreta outra qualidade. Quando o parceiro fala de um problema, ele pode sentir-se compreendido sem ter de especificar todos os pormenores. Além disso, compreender significa ver os episódios com os olhos do outro. […] A compreensão mútua é uma das primeiras vítimas dos conflitos conjugais, manifestando-se pelo lamento: “Simplesmente não entendo porque ele (ela) age dessa forma.” Parte das dificuldades está em que os casais em conflito atuam em desacordo com o seu lado mais amoroso: assumem posturas rígidas ou tentam desprezar as atitudes do outro. Um problema mais sério é que, ao se intensificar o conflito, começam a interpretar mal as ações do outro. Logo os erros de interpretação acumulados liquidam com toda e qualquer compreensão possível.
O companheirismo é muito apreciado no início do relacionamento mas parece se dissipar com o passar do tempo. À medida que os dois se preocupam mais com problemas práticos como a renda familiar, o cuidado dos filhos ou a arrumação da casa, tendem a passar menos tempo juntos, e a qualidade do tempo que passam juntos também sofre. […] O companheirismo é componente essencial do bom casamento que se pode aperfeiçoar pelo simples planejamento. Exige que se considerem atividades de que os dois gostem – viajar juntos, decorar a casa, ir ao teatro – e determinar com antecedência os programas. Há também camaradagem na satisfação de estarem juntos durante certos momentos do dia-a-dia. Sentar juntos para ver televisão, fazer passeios, partilhar da rotina doméstica como lavar pratos e limpar a casa juntos são atos que fomentam companheirismo.
A intimidade oscila da discussão de pormenores da vida diária, à confidência de sentimentos íntimos que não partilharíamos com mais ninguém, ao relacionamento sexual. Em certo sentido, a intimidade é um subproduto do desvelo, da aceitação, da sensibilidade e da compreensão. Ao mesmo tempo, é debilitada pelos desentendimentos, pelas críticas indiscriminadas e pelas acusações e insensibilidade. Quando os casais resolvem ser críticos, punitivos ou controladores, têm de considerar o que perdem em intimidade. Quando se perde a intimidade por causa de brigas, com ela se perde uma importante força no casamento.
Amizade se refere ao interesse genuíno que você tem no outro como pessoa. Essa qualidade parece tornar-se ora unilateral, ora abafada em muitos, se não na maioria, dos casamentos. Algumas pesquisas demonstram que muitas mulheres não consideram o marido seu melhor amigo, e sim alguma outra mulher é que desempenha esse papel. A maioria dos homens, por outro lado, considera a esposa a sua melhor amiga. Você pode cultivar a amizade concentrando-se no seu companheiro como pessoa. Procure extrair dele ou dela o que interessa mais a ele ou a ela. Muitas vezes, para construirmos a ponte da amizade é necessária muita delicadeza.
As cortesias e os agrados são, por certo, cruciais para um casamento feliz. Mas o prazer deve ser mútuo; não só você pode propiciar satisfação ao seu marido pelo que você faz mas pode também partilhar dela. Às vezes, você tem de se livrar de hábitos há muito cultivados para fazer alguma coisa especial.
O apoio mútuo dá um senso de que se é digno de confiança, uma rocha de Gibraltar em que o outro pode se firmar em épocas difíceis. Você talvez subestime o significado simbólico de estimular o parceiro quando ele está sem ânimo, ou de ajudá-lo a classificar e elucidar problemas quando estes parecem tornar-se insuportáveis. Ir em ajuda do outro nesses momentos de necessidade pode ter um significado enorme, demonstrando-lhe que você está sempre prestes a ajudá-lo com este esteio ou apoio. Algumas pessoas, por exemplo, são muito neutras quando o cônjuge quer partir para um novo empreendimento ou assumir uma nova responsabilidade. Sua hesitação em assumir uma postura positiva pode debilitar o senso de iniciativa e de capacidade do parceiro.
Fonte indicada: Flavio Hastenreiter
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