Existem pelo menos 10 fontes que contribuem para esses equívocos.
Aprender a pensar cientificamente exige que tomemos conhecimento destas fontes de equívocos.
- Muitas crenças são transmitidas pelo boca a boca, de gerações em gerações, como por exemplo a expressão os opostos se atraem, e sabemos que na verdade para os relacionamentos românticos, a tendência é sentirmos atraídos por pessoas semelhantes, em termos de personalidade, valores e atitudes. O fato de ouvirmos uma afirmação repetida vezes não a torna correta, mas a repetição a torna aceitável porque confundimos a familiaridade com a sua exatidão. Quando ouvimos uma mesma pessoa 10 vezes falando que fulano é a pessoa qualificada para aquele cargo, nos faz pensar que ele realmente seja a pessoa qualificada para o cargo, portanto muitas vezes ouvir é acreditar.
- Desejamos soluções fáceis e indolores, isto nos leva a acreditarmos em soluções milagrosas para perda de peso, como obter bons resultados em exames ou encontrar um amor para toda a vida, somos atraídos por técnicas que não exigem mudanças em nossos comportamentos.
- Raramente percebemos a realidade como ela realmente é, isto porque observamos através das nossas lentes distorcidas, por nossas predisposições e expectativas, que nos fazem interpretar o mundo de acordo com as crenças que possuímos. Essa percepção nos deixa vulneráveis aos mitos psicológicos, e nos torna menos capazes de reconhecê-los como tal à primeira vista. Interessante observar que damos mais importância aos eventos que ACONTECEM do que aos eventos que não acontecem, ficou um pouco confuso? Muitas pessoas portadoras de artrite insistem que suas juntas doem mais em dias chuvosos, do que em tempos secos, isto porque elas prestam mais atenção na dor em dias chuvosos do que em outro momento, estudos comprovam que tal correlação é produto da imaginação. A este fenômeno de lembrar acontecimentos e esquecer a não ocorrência é chamado de correlação ilusória, ou seja, a percepção errônea de que dois eventos estatísticamente não relacionados são de fatos relacionados e que nos levam a observar uma série de associações que não existem. A partir de março de 2014 foram disponibilizados em rede pública a vacina contra HPV, foram relatados casos de desmaios, tremedeiras e vômitos em 12 meninas de Bertioga, devido a divulgação em mídia, levantou-se o alerta de que as vacinas estavam contaminadas, apôs estudos dos casos, concluíram de que fatores externos podem ter contribuídos para que as meninas passassem mal, na época foram 4,3 milhões de vacinas realizadas em meninas na faixa etária de 11 e 13 anos.
- Temos a tendência de correlacionar as causas, é tentador concluir que dois eventos estão relacionados de forma estatística, porém a psicologia diz que correlação não implica em causalidade, se uma variável A se relaciona com a variável B, na psicologia surge uma terceira variável. Estudos mostram que em caso de abuso físico na infância, aumenta a probabilidade de uma pessoa se tornar agressiva na idade adulta, alguns interpretam essa relação como: o abuso físico na infância é a causa da agressividade na fase adulta, porém uma terceira possibilidade pode ser observada que é a tendência genética para a agressividade herdada por um dos pais, essa tendência genética pode ser acrescentada nesta correlação, existem outras variáveis que podem surgir. O que é importante observar é que quando duas variáveis estão correlacionadas, não devemos supor que ela esteja diretamente relacionada a causa.
- Temos a tendência de achar que o que aconteceu antes de um evento contribuiu no resultado seguinte, por exemplo, uma pessoa deprimida ingere um medicamento à base de ervas e se sente menos deprimida, logo atribui, que foi pela medicação, mesmo que tenha obtido uma melhora antes da medicação ou que tenha procurado um profissional da saúde como por exemplo um psicólogo.
São esses pequenos equívocos que o livro “Os 50 maiores mitos populares da psicologia” escrito por Scott. O Lilienfeld, Steven Jay Lynn, John Ruscio e Barry L. Beyerstein, traz nas 382 páginas.