Por Edith Casal
O luto é um desses estados com o qual todos os seres humanos se deparam várias vezes ao longo da existência. Nem bem nascemos e já começamos a perder. Por sua vez, cada perda implica um sofrimento que precisa ser digerido e superado.
O aspecto comum de qualquer luto é que implica uma perda. Contudo, e dado que as perdas podem ser de diversas naturezas, também existem diferentes tipos de luto. Fala-se de “luto evolutivo” quando se referem às perdas que a passagem de uma idade para outra implicam. Também fala-se em “lutos sociais”, como a perda de um trabalho, a aposentadoria, um exílio, etc.
“Apenas as pessoas capazes de amar intensamente podem sofrer uma grande dor, mas esta mesma necessidade de amar serve para combater seus lutos e as cura.”
-Leo Tolstói-
Contudo, os lutos que mais trazem dificuldades são aqueles que vem da perda de pessoas amadas, especialmente por morte. Isto se deve, em grande parte, ao fim do vínculo, mas não do amor do qual está feito, nem dos sonhos, fantasias e esperanças que o acompanham. Por isso o sofrimento é intenso e demanda muito trabalho para ser superado. Do ponto de vista da perda afetiva, existem vários tipos de luto que vamos descrever a seguir.
Este luto acontece quando alguém sabe que irá se sofrer uma perda iminente, mas esta ainda não se concretizou. Acontece quando, por exemplo, se prepara um divórcio, uma longa viagem, quando surge uma doença terminal ou se programa uma eutanásia.
A diferença com relação a outros lutos é que no antecipatório os sentimentos costumam ser muito mais ambivalentes e instáveis. Como a pessoa ainda está ali, os enlutados alternam a proximidade e a distância: querem sentir por última vez a presença dessa pessoa, mas ao mesmo tempo temem o apego que isto provoca. Nestes casos, a melhor coisa é expressar os sentimentos aberta e diretamente para a pessoa que irá partir.
É uma forma de luto na qual quem se encontra afetado bloqueia seus sentimentos. Pretende agir como se nada tivesse acontecido e se torna completamente hermético ao tema. De fato, se o menciona, não lhe dá um peso diferente do que daria a qualquer outro assunto.
Neste caso o que acontece é um mecanismo de negação. O impacto é tão forte que a pessoa não se sente capaz de enfrentá-lo. Por isso foca em outros aspectos da vida. O problema é que a dor oculta sempre retorna, seja em forma de irritabilidade, ansiedade ou de doença física, entre outras coisas.
O luto crônico se dá quando uma pessoa não consegue elaborar a perda de um ente querido. De uma forma ou de outra, resiste a aceitar o acontecido e foca obsessivamente em manter viva a lembrança desse alguém que já não está. Acaba paralisando a sua vida e mantendo constantemente uma postura de dor.
As pessoas com tendências depressivas são mais propensas a se instalarem neste tipo de luto, que também se transforma em uma forma de vida. Prima pela ansiedade, a tristeza e a culpa, assim como uma sensação de impotência e frustração. Este tipo de luto demanda ajuda profissional.
É, em geral, um efeito de luto ausente. Embora a princípio a pessoa tenha a intenção de ignorar a sua dor, passado certo tempo ela emerge com grande força e talvez no momento menos esperado. Às vezes podem passar inclusive vários anos antes do luto se iniciar.
Também acontece com a pessoa que não pode passar pelo luto na hora em que a perda acontece, devido a condições especiais, como um compromisso profissional muito importante ou uma situação familiar urgente. A dor aparece mais tarde e apresenta algumas complicações que precisam ser vividas.
Este tipo de luto é vivido por pessoas que tem grande dificuldade para expressar seus sentimentos. No caso das crianças, por exemplo, que não conseguem colocar em palavras tudo o que essa situação representa. Muitas vezes os adultos ignoram a sua dor e não as ajudam a superá-la, pois têm a convicção de que “elas não entendem”.
Também se inibe o luto no caso das pessoas com algum tipo de incapacidade cognitiva. Ou em situações como as de pais ou mães de família que procuram ficar fortes para não afetar seus filhos. Ou, simplesmente, quando alguém é muito reservado e não tem a oportunidade de falar sobre o que sente. Em qualquer caso, a inibição se traduz em obsessões, depressão constante, ansiedade, etc.
No luto desautorizado o que acontece é uma rejeição do entorno para com a dor que uma pessoa experimenta. A longo prazo, cedo ou tarde, os outros sempre procuram desautorizar o luto em algum ponto porque para quem não experimenta o sofrimento, o que o enlutado precisa fazer é deixar partir a quem já foi embora e prosseguir com a sua vida.
Contudo, existem situações especificas nas quais o luto é abertamente desautorizado desde o início. Por exemplo, quando morre um homem ou uma mulher que tinha um relacionamento fora do casamento. O amante ou a amante “não terá o direito” de expressar o seu pesar. Às vezes isto também se aplica à morte de um animal de estimação, já que causa muita dor, mas quem não ama um animal não entende e irá desqualificar o sofrimento.
Imagem de capa: Shutterstock/Oleg Golovnev
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