Ouvimos falar muito da violência física, mas pouco da psicológica, conhecida como abusos verbais, que são aquelas palavras que machucam e ferem na alma. As duas causam graves danos à saúde, e que exigem tratamento das sequelas deixadas.
Entretanto, os abusos verbais se traduzem em ofensas, com o desejo de oprimir e humilhar suas vítimas. Essas palavras podem ser evidentes ou escondidas, geralmente, por alguém em posição de poder.
Em alguns casos as vítimas têm dificuldades de perceber os abusos verbais, porque eles ocorrem no plano inconsciente. Os abusos não acontecem apenas nas classes populares, mas em todas as classes sociais, sobretudo, contra crianças, idosos e mulheres.
A estratégia mais usada é “Gaslighting”, um método de manipulação psicológica no qual os abusadores distorcem as informações das vítimas, que acabam duvidando de sua própria sanidade mental. Mas é possível desvendar essa fórmula, possibilitando que elas percebam que esses indivíduos são perversos e desonestos. Vamos analisar algumas situações.
As notícias de abusos verbais contra as mulheres são frequentes, nas quais os abusadores tentam acabar com a autoestima delas. Isso tem se revelado na vida conjugal, em que certos homens tentam desqualificar e desmerecer suas companheiras.
Os casos de bullying também são corriqueiros, onde crianças e adolescentes são vítimas de zombarias e discriminação, fazendo com que se sintam rejeitadas e deprimidas, e algumas cometem suicídios, por não suportar tanta humilhação.
Do mesmo modo, há várias ocorrências em que os idosos são vítimas de intimidações por parte de familiares ou cuidadores, que usam palavras chulas e obscenas, no sentido de perpetuar os abusos contra as pessoas da terceira idade.
Hoje, os abusos virtuais invadiram a internet e as redes sociais em uma dimensão jamais vista na história da humanidade. Assim, os sujeitos utilizam o espaço digital de maneira anônima, covarde e sem limites, para insultar e hostilizar pessoas, grupos e instituições.
Diante dessa escalada de abusos as vítimas têm sua saúde vital dilacerada, que dói na alma, podendo ocasionar depressão ou neuroses. Porém, elas precisam fortalecer sua energia psicoespiritual para se libertar do repertório de grosserias dos seus abusadores.
É fundamental que as vítimas busquem ajuda com psicoterapeutas e entidades, que estão habilitadas a dar apoio para cessar os ciclos de abusos verbais, bem como as pessoas próximas podem orientá-las a saírem dessas situações. É com diz o livro de Provérbios: “Há palavras que ferem como espada, mas a língua dos sábios traz a cura”.
Enfim, os abusos verbais estão alicerçados no desrespeito falado e pensado, que interage sutil e simbolicamente como forma política, financeira e cultural de desprezo pelos outros, que é a mercantilização da vida humana, como denunciaram os psicanalistas Erich Fromm e Rollo May.
Jackson César Buonocore é sociólogo e psicanalista
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