Na história da civilização, a inveja nos remete aos acontecimentos ruinosos. Hoje, ela está cada vez mais presente nas relações pessoais e virtuais, onde os invejosos querem ter os objetos e as qualidades que pertencem aos outros.
Não é à toa que o maior pecado de Lúcifer foi a inveja: queria ser Deus e foi expulso do céu por isso. Na mitologia grega, Zeus, o soberano deus, invejava a completude do homem, então, decidiu dividi-lo em dois. Sócrates, o filósofo ateniense, foi condenado à morte pelos poderosos da Grécia Antiga, que invejavam sua sabedoria.
Porém, os invejosos, sejam eles deuses, demônios, homens e mulheres, se estivessem nas mesmas condições e recebendo os mesmos louros das pessoas ou das divindades que eles gostariam de ser, continuariam a ter inveja delas.
É do caráter dos invejosos terem mentes possesivas, olhares corrosivos e atitudes gananciosas, que miram nos êxitos dos seus semelhantes. O sociólogo Francesco Alberoni, autor do livro Os invejosos, concluiu: “O invejoso diminui o sucesso dos outros, sustentando que ele é fruto de uma injustiça. ”
Aliás, a inveja é um sentimento poderoso, que nutre nos invejosos de um espírito voraz, de querer ter mais, ser mais e melhor que outrem, gerando sofrimentos nos próprios invejosos, mas que eles negam.
Portanto, não devemos dar espaço aos invejosos e a melhor coisa a fazer é ficar longe da inveja, pois não há nada de bom nela. É como disse a psicanalista Melanie Klein: “O invejoso passa mal à vista da fruição. Sente-se à vontade apenas com o infortúnio dos outros”.
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Jackson Buonocore
Sociólogo, psicanalista e escritor