Ao sujeito pós-moderno é exigido que se adapte às transformações advindas a partir da globalização e dos avanços tecnológicos no cenário em que vive.
Para ser feliz na pós modernidade é necessário que o sujeito seja eficiente, produtivo, flexível, que saiba administrar o tempo, que alcance o melhor desempenho e seja competitivo, que acompanhe as mudanças frequentes e as demandas do mercado consumista. Logo, o sujeito é cobrado de buscar aperfeiçoamento técnico frequentemente, pois tudo que é novo, é novo apenas por tempo limitado.
Além do que, é preciso investir na sua imagem corporal, aparecer, estar conectado à rede, conquistar amigos e seguidores.
É lhe exigido, também, que seja polido, que controle suas emoções, que pareça feliz e que participe do espetáculo.
O homem pós-moderno não tem tempo para ficar triste, para elaborar perdas e para sentir a falta. Ao contrário disso, apresenta dificuldades para lidar com conflitos e frustrações e para respeitar limites, para ouvir “não” e para esperar…um pane no celular é motivo de desespero!
Todos estes aspectos fazem o sujeito priorizar sua vida pública e deixar para depois sua vida afetiva. O fazem, ainda, ter prejudicada a sua capacidade de simbolizar, de questionar a realidade e de voltar-se para seu mundo interno.
Este contexto, que oferece tamanha possibilidade de escolha e facilidade de acesso, traz a ilusória liberdade de que se pode ter tudo e esse tudo tem que ser agora.
O preço a ser pago por aqueles que não se “encaixam” na cultura instantânea influencia nas patologias atuais (como por exemplo, as ansiedades e depressões).
O peso da reprovação social e de não poder corresponder as expectativas do outro leva à culpa, à auto-recriminação e à incapacidade de elaborar a falha.
A tristeza e a angústia não são mais suportáveis. Precisam ser anestesiadas com antidepressivos, drogas, bebidas, etc. Não há tempo para sofrer!
Diante disso observamos o enfraquecimento dos vínculos afetivos e dos laços sociais, o que acaba fazendo com que o sujeito afaste-se de si, sentindo-se estranho a si mesmo, com a dificuldade de se conhecer e reconhecer sua riqueza interior.
Em Psicanálise, dizemos que o sujeito pós moderno foge de seu inconsciente, desejando retirar de si qualquer conflito que o faça pensar.
Mas, ao evitar suas paixões e ao anestesiar sua dor de existir o sujeito encontra tão somente o vazio.
Na escuta clínica o sujeito é levado sim a encontrar o vazio, mas também é convidado a lhe dar significado, a compreender seu sofrimento psíquico e a assumir as consequências por seus desejos, adquirindo a consciência do que é possível criar algo para sustentar seu lugar no mundo…
Audrey Vanessa Barbosa

Psicóloga clínica de abordagem psicanalítica na cidade de Limeira-SP; possui Mestrado Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela FCA- UNICAMP; ministra palestras com temáticas voltadas ao desenvolvimento humano. Também possui formação em Administração de Empresas e experiência na área de RH (Recrutamento & Seleção e Treinamento e Desenvolvimento).

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