“…Se as pessoas soubessem
O quanto as palavras exercem
Poder sobre as vidas
Não haveriam ofensas, E todos
Falaríamos na linguagem do amor.
Guerras não existiriam. Nem sofrimentos viriam, ou mágoa e dor.
Muito mais fácil viver, pois o ódio e o rancor
Não teriam de onde nascer….”
Esta letra de Izaías Mendes nos soa um tanto quanto utópica. Fazendo uma reflexão criteriosa a respeito, chegamos facilmente a conclusão: não sabemos amar, sequer escutar, que dirá respeitar… Fato é que não lidamos bem com críticas. Primeiro, não sabemos criticar, tampouco ouvir, ainda mais críticas, raros são os habilidosos nesta difícil arte. Até as críticas mais severas, são rotuladas de construtivas, o que agrava a incompreensão. Questões “ mal paradas” agressivas ou invejosas se lança mão, pretextos para uma crítica pesada, quando o alvo desperta interesse. E aí? Tudo complica.
Partindo dessa constatação, precisamos repensar urgentemente nossos “comentários sinceros”, a exemplo dos maridos que não poupam palavras duras quando desaprovam alguma atitude de sua esposa ou filhos. Vomitando neles todo tipo de descompasso sofrido no trabalho ou no relacionamento com quem sofrem. Pois tudo entra num “ angu de gato” tudo vira estopim para uma vida cheia de desamor e contradições. Depois o “ infeliz “ pergunta, o que está errado em minha vida? Será que nossa crítica é de fato construtiva quando deveria ser? O que se esconde por detrás desta suposta crítica?
Do tipo: você está gorda ou você não sabe nada, precisa mudar seu comportamento. Se por ventura a auto estima da pessoa que ouve não estiver em um bom momento, certamente sua crítica trará danos. Se inconscientemente sua intenção foi de deixa-la para baixo, de fato teve êxito. Mas, conhecer-se também é uma arte, e aí, tudo piora, como saber se a crítica era escárnio? Aristóteles dizia : “O sábio nunca diz tudo o que pensa, mas pensa sempre em tudo o que diz”. Não me refiro aquele jogo hipócrita de saber muito e explicar pouco. Quando eu era garota eu gostava muito de um menino que morava na vizinhança, eu era muito amiga da irmã dele. Um dia ele procurou meu pai para avisar que não tinha nenhum interesse em mim. Fiquei sabendo disso muitos anos depois. Imagine minha indignação. Acho que o esclarecimento desfaz muitos mal-entendidos, economiza tempo e energias. Portanto, uma simples pergunta poderia ser de grande ajuda, neste processo de resposta.
Faça um breve, porém necessário questionamento interno. O que me move para fazê-lo? Devo/preciso falar isso? Magoaria mais que beneficiaria a outra pessoa?
A crítica construtiva é o melhor caminho, não duvido, mas cuidado com o que se convencionou chamar de “construtivo”. O cuidado é no sentido de usar os termos adequadamente, procurar o momento certo, e se o interlocutor está confortável para recebê-la. A maioria das pessoas usa o termo “construtivo” para criticar, apontando defeitos, humilhar e constranger.
O grande problema em criticar está em quem critica, não em quem recebe, existe uma linha muito tênue, entre autenticidade e grosseria. Na maioria das famílias, é comum que os membros magoem uns aos outros com comentários desnecessários, supostamente motivadores, mas que trazem um conteúdo carregado de ofensas.
Existem meios de tornar esta tarefa menos pesarosa.
Então, como falar?
Use assertividade, seja elegante, diga o que precisar ser dito, mas o faça em um lugar preparado para esta finalidade, onde a pessoa esteja receptiva, o momento também se faça oportuno. Desaguar críticas de forma abrupta, pode trazer muitas desavenças e muitas magoas;
Se o interlocutor for uma pessoa tímida, jamais o critique em público, pode ser desastroso. A personalidade de quem receberá a crítica também é importante, adequar o tom de voz, expressão facial (trejeitos desrespeitosos) ainda que não verbalizados, tudo pode somar, para pior. Por isso, ajuste-se ao feito e em especial, seu tom de voz;
Sempre em uma crítica, inicie pelos aspectos positivos, extraia algum proveito e trabalhe um pouco esta questão, mas sem muitos rodeios, com objetividade e clareza. Tente ouvir as explicações, não ensurdeça seus ouvidos, impedirá que haja de fato uma ampla compreensão da situação.
Depois de ouvir, peça permissão para falar, mostrará um alto grau de empatia. Não tenha uma resposta já pronta, pois impede o fluxo da aceitação. Concentre-se também na solução, não somente na pessoa;
Cuidado, tecer críticas pode ser uma armadilha, digna de invejosos, pode parecer exatamente isso; também um ato de pura arrogância, ainda mais se acompanhada por gesticulações, dedo em riste, palavras podem ser a soar como pedradas. E lembre-se ninguém é perfeito, nem você;
Sempre que possível fale pessoalmente. Falar por celular por exemplo, pode dar margens a interpretações equivocadas e você perder a chance de ter aquela situação analisada e quem sabe até resolvida.
A empatia e o cuidado, podem transformar aquele encontro em algo bem produtivo, tanto para quem recebe a crítica quanto para quem o faz. O impacto das nossas ações em algumas vidas pode ser sentida, mesmo muito tempo depois de termos partido. Assim, o cuidado é muito significativo, para que não se perca esta oportunidade de ajudar alguém a agregar um valor que você entende ser importante. Se assim for possível, a percepção de que você se interessa pelos problemas dela. Existem formas bem interessantes e eficientes de se dizer algo a alguém sem necessariamente ferir ou magoar seus sentimentos ou sua autoestima;
Muita atenção, certifique-se de que a como a informação passada foi de fato compreendida, não é raro descobrirmos que o conteúdo da mensagem foi mal interpretado. Essa questão, merece toda nossa atenção. Assim, tenha em mente se certificar de que a pessoa entendeu o que você quis dizer.
Dar e receber feedback às pessoas é fundamental, em psicoterapia cognitiva é fundamental para o ajuste do raciocínio, clareza e sucesso no intento. Além de um ato de amizade, que se valida na possibilidade de crescimento e consequente mudança da outra pessoa, que em posse das suas informações ela irá usar a sua informação ou comentário tornar-se-á uma pessoa melhor. Em não sendo nenhum destes casos, tenho aprendido a importância do silêncio, difícil lição. Melhor que não se diga nada. O silêncio em muitas ocasiões tem tanto a ensinar.
Por: Laila Wahab
Advogada e psicóloga especialista em
Psicologias cognitivas
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