Foi com bom-humor, sagacidade e muito o repertório que o médico Drauzio Varella palestrou ontem, 30, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Na ocasião, ele falou, entre outros assuntos, sobre alternativas para driblar a depressão.
Para explicar os altos índices de pessoas com depressão registrados ultimamente, o médico oncologista cita o surgimento e a massificação da tecnologia. De acordo com ele, a tecnologia que veio para facilitar a vida, dobrou o trabalho e “roubou” o tempo.
Drauzio lembra que viu um fax pela primeira vez em, Nova Iorque. Ele estava atendendo quando um relatório de um paciente chegou pelo equipamento. Ele ficou fascinado e assim que chegou ao Brasil, investiu numa máquina de fax.
“Eu pensei, que fantástico, chegou na hora. Até que um dia acordei pela manhã e não vi o tapete da sala de tantos papeis de fax. O equipamento aumentou meu problema e dobrou meu trabalho. Aí veio o e-mail e pensei que seria melhor sem papel, mas o período que ficava com a família passei a ficar no e-mail. Logo depois, perto do Natal, uma paciente chegou com uma caixa de sapato. Abri e tinha um celular, parecia um sapato 45, enorme. Achei maravilhoso, afinal os médicos sempre saíam com os bolsos cheios de fichas para ligações. Como o negócio do Diabo é infernizar, a indústria diminuiu o aparelho e criou a tela. Não dá pra dizer que não viu o e-mail, pois a pessoa te manda um e-mail e avisa pelo WhatsApp que te enviou o e-mail”, ressalta.
Varella pontua que a depressão hoje, em muitos setores, é a primeira causa de absenteísmo. No setor bancário e financeiro já é a primeira, mas em 2021 será o topo do ranking de todos os segmentos. “Tudo isso porque nossa vida é insana. Hoje você fala com o amigo no whats e acha que está bem”, diz.
Sintomas – Antes que a depressão se instale, ela dá muitos sinais.
– A pessoas não sai mais com amigos
– Convive pouco com a família
– Trabalha feito louco
– Tem a pressão do trabalho (meta)
– Começa a achar todo muito chato
– Fica desmotivado
– Fica triste (todos ficam triste, mas o sentimento passa e não gera queda no rendimento)
– Cansaço físico (exames não encontram a doença e a pessoa acha que ninguém acredita nela)
“Isso pode acontecer em todas as idades, mas, principalmente na adolescência. Mas se busca ajuda rápido, uma terapia pode resolver e reduzir os sintomas a zero. Mas se chega ao nível profundo a terapia não vai ajudar e será preciso o uso de medicamentos para amenizar os impactos. Outra coisa importante é que uma vez em crise, o quadro tem 50 % de chance de voltar. Temos de pensar que isso acontece com qualquer um de nós”, pontua.
Solução? O médico diz não ter ideia, mas garante que a tentar evitar é o primeiro passo. E uma da alternativa fundamental é a atividade física.
“Na época das cavernas, o homem saía da caverna e se deparava com um leão. Ou ele fugia ou ele lutava. Ele sofria esse pico de estresse ou estresse extremo. Atualmente, o estresse não se compara a enfrentar um leão, mas é um sentimento permanente 24 horas por dia e 365 dias por ano. A única forma de quebrar isso é fugindo do leão, se exercitando. Passear com a família e ótimo, mas e quem é que tem tempo? A vida vai ser assim, não vira nada que fará a gente trabalhar menos. Nós ganhamos tecnologia e de brinde veio a competitividade. Todas as criações serão para aumentar a competitividade e nosso trabalho.
As mulheres correm mais risco de ansiedade e depressão por conta da cobrança de aparência e a distorção da auto imagem. O homem não sofre com isso. Ele olha no espelho, bate na barriga e diz: tô bonitão!
“Quer viver 80 anos vai ter de se cuidar. Quando tiver fazendo exercício tem de ser metódico e manter em mente ‘Estou fazendo isso para o meu psicológico’. Ninguém vai resolver nosso problema. Nós temos de “roubar” dos outros a hora de fazer nosso exercício e se mesmo assim não der: larga do trabalho, põe a tia no asilo e internas crianças. Se você entrar num processo depressivo está sozinho. Seu corpo deve estar em primeiro lugar. Temos de estar atentos. Se essa tristeza não tem fim e vem acompanhada de cansaço. Procure um médico. Se um amigo ou familiar falar em tirar a própria vida, acredite nele, o instinto de sobrevivência é grande e quando a pessoa fala sobre o isso é o primeiro sinal”, finalizou o médico.
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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Campo Grande News.
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