A perda de memória devido ao estresse é muito mais comum do que pensamos. Esta falha cognitiva ocorre constantemente e gera preocupação e ansiedade: esquecemos compromissos, conversas, nomes e até mesmo aquele item tão importante que tínhamos que comprar. Temos dificuldade em reter informações e até mesmo em recuperar recordações já consolidadas.
Muitas vezes ouvimos que a memória é um tesouro que devemos manter com especial cuidado e delicadeza, no entanto, algo que, sem dúvida, todos nós já passamos alguma vez é que justo quando mais precisamos, ela nos falha. Além disso, quando sofremos essas falhas momentâneas e até mesmo desconcertantes, as vemos muitas vezes com um certo medo: será este o primeiro sinal de uma demência?
“Descanse, o campo descansado dá uma colheita generosa”.
-Ovidio-
Não convém se apressar. Antes de pensar em uma deterioração cognitiva, consideremos um fator que explica cerca de 80% das pequenas falhas de memória: o estresse. No entanto, longe de respirar aliviados por ter descartado uma demência precoce, é importante considerar um fato: o estresse crônico e os transtornos de ansiedade mantidos ao longo do tempo alteram o funcionamento do cérebro e várias de suas estruturas.
Às vezes fazemos isso, saímos do trabalho e chegamos em casa no “piloto automático”. Ao cruzar o limite da nossa casa, levamos as mãos à cabeça por causa da raiva e do absoluto assombro: como pude esquecer de pegar meu filho na aula de inglês? Saímos correndo e justo quando chegamos no carro, percebemos que não estamos com as chaves.
O círculo exaustivo ao qual o estresse e a ansiedade nos levam é imenso. Situações surreais como esta são comuns, assim como a sensação de que estamos perdendo o controle de nossas vidas. No final do dia, poucas coisas podem ser mais angustiantes do que esquecer algo que é relevante no dia a dia, decisivo para nos sentirmos competentes e responsáveis.
Se nos perguntarmos agora o que está por trás da perda de memória devido ao estresse, devemos nomear um velho conhecido, o hormônio cortisol. Este glicocorticoide produzido pela glândula adrenal é liberado em resposta ao estresse. No entanto, o fato de que o pico de cortisol aumente em um dado momento além de seus níveis habituais não apresenta nenhum problema. Na verdade, um pequeno aumento desse hormônio em um momento específico melhora a formação de novas memórias.
O preocupante é quando a liberação de glicocorticoides ocorre de forma constante e durante semanas ou meses. Será então que teremos dificuldades para lembrar informações e recuperar outras já existentes.
O excesso de cortisol no cérebro age como uma substância tóxica. O hipocampo, associado à memória e às nossas emoções, perde volume. A perda de memória devido ao estresse está associada também ao fato de que o cortisol dificulta a circulação correta do sangue para o cérebro. Temos menos nutrientes e menos oxigênio, e tudo isso provoca um maior risco de derrame, AVC, etc. É um fato que devemos considerar.
Por outro lado, se a liberação do cortisol for constante, perceberemos outro efeito: liberaremos menos endorfinas e isso significará um maior desconforto, uma clara incapacidade de desfrutar das atividades que antes eram agradáveis para nós: esportes, compartilhar risadas e bons momentos com os outros, a alimentação.
Por último, mas não menos importante, cabe enfatizar que o cortisol também afeta nossos ciclos de sono-vigília: sofremos épocas de insônia ou noites de despertares contínuos.
O estresse libera o hormônio glicocorticoide, que altera a função de nossas células e também provoca o surgimento da adrenalina.
Se percebermos que nas últimas semanas ou meses estamos passando por uma perda de memória incomum, o melhor a fazer é consultar um médico. Às vezes essas falhas podem estar associadas à má nutrição (deficiência de vitamina B12 ou vitamina D). Além disso, distúrbios como o hipotireoidismo também podem determinar essas alterações cognitivas. Portanto, e para evitar essas preocupações, o recomendável é falar com profissionais especializados.
Identifique seus estressores. Tome consciência de como o seu corpo reage: tensão muscular, rigidez do pescoço, ombros, mandíbula, palpitações cardíacas…
O estresse não é gerenciado evitando os focos que nos tiram a calma. É gerenciado enfrentando os estímulos ameaçadores frente a frente, estabelecendo prioridades, decidindo, assumindo o controle sobre a própria realidade.
Reinterpretar sua realidade: torne-se consciente do que é realmente importante em sua vida, diminua o ritmo, aprecie o presente de uma maneira mais relaxada.
Alimente-se de forma saudável: frutas e verduras frescas, muita água, aveia, infusões de valeriana, chá de camomila.
Suplementos à base de magnésio são excelentes para proteger nosso cérebro dos efeitos do estresse. Saia para caminhar todos os dias durante meia hora: você vai espairecer sua mente, tomará novas perspectivas e melhorará sua circulação sanguínea para que uma maior quantidade de oxigênio e nutrientes chegue ao cérebro.
Para concluir, a perda de memória devido ao estresse pode alterar completamente nossas vidas. Se não lidarmos com o problema pela raiz, esse estresse se intensificará ainda mais até alcançar mais áreas, e nosso humor irá diminuir… Aprendamos, portanto, a diminuir o ritmo, a não querer ir mais rápido que a vida. Nossa saúde é o mais importante.
Imagem de capa: Shutterstock/Alliance
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