Numa sociedade cada vez mais competitiva e exigente, frequentemente a identidade está associada à atividade e desempenho. A imagem é mais importante e o sucesso parece proporcionar autoestima.
Nos dias de hoje, vive-se o medo de errar desde muito cedo. A aprendizagem, desde crianças, é feita na crença de que entre o certo e o errado raramente existe alguma coisa. Fomo-nos habituando a fazer tudo para não errar, a sermos perfeitos, como se fosse única condição para merecermos o reconhecimento e amor.
Todos nós gostamos de executar o melhor possível as nossas tarefas, assim como valorizamos os outros pelo que fazem muito bem. No entanto sabemos que não é possível fazer tudo bem e em qualquer área da nossa vida. Ultrapassa a nossa capacidade humana.
Para quem tenta ser perfeito em tudo o que faz é altamente desgastante e frustrante, é como se procurasse algo inatingível. Quando não conseguem atingir o objetivo a que se propuseram, habitualmente são assombrados por pensamentos de auto-depreciação e auto-critica.
Estas pessoas apresentam elevados níveis de exigência consigo próprios (e com os outros) e frequentemente se desvalorizam quando acham que não executaram alguma coisa da maneira “certa”. São habitualmente rígidas na sua forma de pensar o que as impede de se adaptarem a várias situações ao longo da vida. Têm padrões elevados e muitas vezes irrealistas, aderindo rigidamente a eles, e definindo o seu valor pessoal em função desses mesmos padrões.
As pessoas perfeccionistas podem deixar de fazer muitas coisas que faziam e que lhes davam prazer, afetando as relações familiares/sociais e as atividades de lazer.
Pode tornar-se um problema grave podendo interferir na sua qualidade de vida e rotina diária e afetar as áreas de funcionamento habitual.
Deve estar atento se:
1. Frequentemente der por si a exigir de si próprio um objetivo inatingível ou irrealista;
2. Sentir muito medo de errar ou se existir uma grande preocupação com aquilo que os outros vão pensar acerca do seu desempenho;
3. Sentir que verifica muitas vezes aquilo que faz, de uma forma obsessiva;
4. Tiver duvidas se a atividade ficou bem feita, existindo tendência para melhorar (difícil terminar uma tarefa);
5. Sentir que é organizado em demasia;
6. Planear muito uma tarefa antes de a executar;
7. Existir uma grande ansiedade associada ao objetivo;
8. Sentir que não é flexível, que é difícil adequar o seu comportamento ou lidar com imprevisibilidades;
9. Sentir marcada tendência para a excelência.
Como pode aprender a lidar com este problema no seu dia-a-dia?
1. Desafie as mensagens da sua voz crítica interior: “Eu devia ter feito melhor”; “Eu podia esforçar-me mais”; “Devia ter feito qualquer coisa”; “Tem que ficar perfeito”.
2. Procure perdoar-se. Tente ser gentil em vez de se criticar. Compreenda os motivos que o levaram a agir de determinada forma. Pode ser difícil mas experimente reconhecer que algumas experiencias são inevitáveis e talvez descubra que fez o melhor que pôde.
3. Reconheça a sua “humanidade”. Todos nós cometemos erros e todos somos afetados por fatores externos que não podemos controlar. É inevitável, os erros fazem parte da nossa aprendizagem.
4. Seja consciente das suas emoções. Permita-se experimentar as emoções de uma forma mais equilibrada, sem suprimi-las ou ficar completamente absorvido.
5. Tente obter ajuda. Os outros podem ajuda-lo a desafiar as mensagens críticas que vão surgindo. Peça o apoio dos seus amigos, familiares ou professores.
6. Em alguns momentos pare para pensar: “O que estou a pensar acerca de mim é realista?”; “A avaliação que estou a fazer de mim é aceitável?”; “Reconheço o meu valor fora desta situação?”; “Quais as qualidades e competências que identifico em mim?”
7. Faça uma lista das qualidades que identifica em si e coloque-a num local bem visível (por exemplo, na parede do seu quarto ou no écran do seu computador) para que relembre todos os dias. Pode fazer uma outra lista dos sucessos obtidos (do que conseguiu ou conquistou até agora).
Por Catarina de Castro Lopes
Psicóloga Clínica da Psinove – Inovamos a Psicologia www.psinove.com
Fonte indicada: Sapo