Todos nós desejamos ir em direção do próprio caminho, realizar, concretizar os sonhos. Algumas vezes é importante pararmos para refletir se estamos seguindo nossos sonhos, se eles estão na direção deste caminho mais próprio e se estamos fazendo isso acontecer na medida do possível.
De outra forma podemos questionar também: Será que está faltando persistência ou precisamos redirecionar a escolha, já que às vezes os sonhos morrem, ficamos presos neles e nos perdemos de novo?
Muitas vezes a pessoa tem projetos, mas esquece da manutenção, ou não libera alguns mais antigos e renova o estoque, de modo que se dirija ao que a conduziria a uma vida mais feliz. Esse desvio de caminho pode ter vários fatores que faz com que percamos o foco.
Um deles é escutarmos os chamados do mundo no que se refere ao que é dito que é bom ser, fazer e agir; ser próspero, ser feliz, o certo a seguir; enfim, a construção de uma série de valores que não nos diz respeito.
Por outro lado, é no mundo que temos condição de formar valores, referências, escolhas e não nos é possível ser diferente já que, somos seres no mundo ainda que não sejamos seres do mundo. Isto quer dizer que nos realizamos nesse mundo que nos é dado, mas com direito a uma abertura que as coisas não têm. Elas sim são do mundo só que às vezes nós nos comportamos como coisas e daí absorvemos os ditames do mundo.
Quando questionamos e tomamos consciência de que somos diferentes das coisas podemos escolher o que é melhor para nós, conseguimos estar atentos e daí, seguir o nosso caminho mais próprio.
Outro fator é quando precisamos ou queremos atender às necessidades de outrem. Pode ser dedicar-se a uma pessoa doente, a filhos que solicitam muito, a um trabalho muito estressante, etc. Nesse caso, mergulhamos no roldão da vida e nem vemos o tempo passar, e quando nos damos conta, nos parece impossível sair disso e mais e mais nos distanciamos do foco, do caminho mais próprio, lembra dele?
Mais um fator que pode ser citado é quando colocamos em dúvida aquilo que nos faz feliz, o que nos cabe, o que nos é lícito, enfim, tudo aquilo que seria a nossa bússola de orientação, que nos coloca no prumo e revitaliza nossas forças para continuar, apesar de todas as chances de desvio.
Algumas vezes não está claro o que queremos ou nos faz feliz e não saber faz com que possamos ir a qualquer lugar. Outras, insistimos em um querer que parece perfeito, mas não nos permitimos ver, ao redor, outras possibilidades que podem acabar nos levando de uma melhor maneira ao nosso querer. Até porque, parece que estamos destinados a alguma coisa específica, e nem nos damos conta do quanto podemos ser versáteis e mais felizes do que a nossa curta visão alcança. Mas por que nos desviamos?
Acontece que falta firmeza de propósito e a flexibilidade diante dos obstáculos da vida porque queremos ser aceitos no mundo. Então abrimos mão dos nossos sonhos com facilidade para atender uma necessidade humana mais básica, a carência afetiva. Confundimos aquilo que devemos fazer com o outro, troca, amor, com carência. Além disso, a insegurança e a baixa auto-estima fazem com que fiquemos confusos em nossos quereres e, mais uma vez, abrimos mão do nosso caminho mais próprio.
É importante assinalar que persistência não significa insistência, teimosia. Como foi dito anteriormente, insistir em um querer que não está nos levando adiante, seja ele um sonho antigo ou uma meta que acabamos por determinar, é perda de tempo e de foco.
A persistência em se consultar interiormente e seguir adiante, já que nos perdemos com muita facilidade, se traduz na firmeza de propósito saudável e na flexibilidade diante dos obstáculos da vida. Assim como o movimento do bambu. Precisamos estar firmes sem ser duros porque quando resistimos a qualquer preço, quebramos. Mas se nos mantemos de pé e fluímos de acordo com a flexibilidade que nos é solicitada a cada situação, conscientes do que nos é necessário, então podemos nos deliciar com o vento que bate e nos chama porque estamos presentes, apropriados de nós mesmos, vigorosos. Esta presença, este vigor é que possibilita essa persistência tão almejada, pois é a partir de uma orientação interior que ela parte.
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