(Agência Notisa) − É muito comum que pacientes com esquizofrenia desenvolvam sintomas depressivos, o que tem impactos diretos na sua qualidade de vida. Pacientes deprimidos apresentam-se menos satisfeitos com suas atividades diárias e com a sua saúde física e mental. Para se ter uma idéia, em estudos internacionais, a prevalência de depressão na esquizofrenia varia de 7% a 70%, com média de 25%. Já no Brasil foram encontradas taxas em torno de 27% e 29,8%. A psicóloga e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Clareci Cardoso, doutora em saúde pública e epidemiologia, estabeleceu a prevalência da depressão na esquizofrenia, investigando os fatores associados e sua relação com a qualidade de vida.
Participaram do trabalho 150 pacientes em acompanhamento ambulatorial de um Serviço de Referência em Saúde Mental de Belo Horizonte. De acordo com artigo publicado na edição de setembro de 2007 dos Cadernos de Saúde Pública, “embora a literatura tenha mostrado evidências do impacto da depressão na qualidade de vida dos pacientes com esquizofrenia, não foram identificados trabalhos brasileiros investigando a qualidade de vida sob a ótica da depressão. Este conhecimento é considerado pertinente, tendo em vista que as intervenções terapêuticas e medicamentosas podem melhorar a qualidade de vida desta população, quando a sintomatologia depressiva é previamente identificada”.
Os pesquisadores observaram uma prevalência de 56% de depressão maior. Pacientes com depressão maior apresentaram pior qualidade de vida na escala global e domínio ocupacional. Em pacientes com pior qualidade de vida, a presença de sintomas da doença, o número de medicamentos e a ausência de atividades no lar se associaram à depressão, enquanto para aqueles com melhor qualidade de vida, apenas a duração da doença foi importante.
Dessa forma, a equipe recomenda a investigação da depressão associada à qualidade de vida no cuidado terapêutico destes pacientes. “Os resultados deste estudo têm implicações importantes para o tratamento de pacientes com esquizofrenia. Ele confirma que a depressão é comum nesse grupo de pacientes e aponta para uma estreita relação entre depressão e baixa qualidade de vida. Dentro do contexto da inclusão de indicadores de qualidade de vida na rotina dos serviços de saúde mental, faz-se necessário que a gravidade da sintomatologia depressiva na esquizofrenia seja também avaliada”, afirmam os especialistas.
TEXTO ORIGINAL DE MENTE E CÉREBRO