SAÚDE MENTAL

Pessoas com depressão tendem a buscar alvos abstratos – e isso não é bom.

Por Ana Carolina Prado

Os objetivos que nós temos influenciam muito a nossa felicidade. E um novo estudo do Instituto de Psicologia, Saúde e Sociedade da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, trouxe alguns esclarecimentos sobre esse tema.

Os pesquisadores, liderados pela psicóloga Joanne Dickson, pediram a voluntários com e sem depressão que fizessem uma lista de objetivos pessoais que gostariam de alcançar em um prazo curto, médio e longo. Depois, os alvos foram categorizados de acordo com quão específicos eram. “Ser feliz”, por exemplo, é algo geral, enquanto algo como “escrever duas páginas de Word por dia” é um alvo bem mais específico.

Os resultados mostraram que, embora tanto os voluntários que tinham depressão quanto os que não tinham a doença tenham listado o mesmo número de objetivos, os depressivos listaram alvos que não só eram mais generalistas, mas também mais abstratos. Além disso, esse grupo tinha propensão muito maior a dar motivos não específicos para alcançá-los.

“Nós sabemos que a depressão está associada a pensamentos negativos e a uma tendência a generalizar demais a coisas, especialmente em relação a si mesmo e às suas memórias do passado”, diz Joanne Dickson. “Este estudo, pela primeira vez, mostrou que essa característica também engloba objetivos pessoais”, completa.

O problema disso é que ter metas muito amplas e abstratas pode manter e agravar a depressão. “Nós descobrimos que faltava foco nos alvos que as pessoas com depressão clínica listaram, tornando mais difícil a sua realização e, assim, gerando cada vez mais pensamentos negativos”, diz a autora. Não é difícil entender o porquê: metas ambíguas são mais difíceis de se visualizar, o que, por sua vez, pode levar a uma redução da expectativa de realizá-las – o que resulta em menor motivação.

Em outras palavras: você não sabe exatamente o que quer, nem por que quer, só tem uma ideia geral. E esse negócio é tão nublado que você não consegue realmente se ver lá, então se desanima e nem tenta muito. Só que aí, vendo que a coisa realmente não está rolando como queria, você fica ainda mais desanimado – e vai se esforçar ainda menos. O resultado é um ciclo de negatividade que só vai piorando e, para os depressivos, é especialmente difícil escapar dele.

Para os pesquisadores, esses resultados podem favorecer o desenvolvimento de novas formas eficazes de tratamento da depressão. “Ajudar as pessoas deprimidas a definir metas específicas e gerar razões específicas para a realização do objetivo pode aumentar suas chances de realizá-los, o que poderia quebrar esse ciclo de negatividade”, diz Dickson.

TEXTO ORIGINAL DE SUPERINTERESSANTE

Imagem de capa: Shutterstock/El Poe

Psicologias do Brasil

Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.

Recent Posts

Para a psicologia, o que significa ter muitas roupas que você não usa?

Por que temos tanta dificuldade em nos livrar de roupas que não usamos? Segundo especialistas,…

23 horas ago

Mãe recorre à Justiça para deixar de sustentar filha de 22 anos que não estuda e nem trabalha

Segundo a mãe, a ação judicial foi a única forma de estimular a filha a…

1 dia ago

Obra-prima da animação que venceu o Oscar está na Netflix e você precisa assistir

Uma pequena joia do cinema que encanta os olhos e aquece os corações.

2 dias ago

O filme da Netflix que arranca lágrimas e suspiros e te faz ter fé na humanidade

Uma história emocionante sobre família, sobrevivência e os laços inesperados que podem transformar vidas.

2 dias ago

Dicas para controlar os gastos e economizar nas compras

Você ama comprar roupas, mas precisa ter um controle melhor sobre as suas aquisições? Veja…

3 dias ago

Minissérie lindíssima da Netflix com episódios de 30 minutos vai te marcar para sempre

Qualquer um que tenha visto esta minissérie profundamente tocante da Netflix vai concordar que esta…

3 dias ago