Marcel Camargo

Pessoas desnecessárias causam dores desnecessárias

Talvez uma das maiores dificuldades que temos, ao longo de nossa jornada, seja discernir qual o peso que cada coisa, cada momento e cada pessoa devem ter em nossas vidas. Frequentemente, estamos carregando bagagem inútil, valorizando momentos que não valem a pena, mantendo junto gente que não agrega, cansando-nos à toa por quem não move uma palha em nosso favor.

Desnecessário é ficar se lembrando de momentos que trazem dor e remorso, passivamente, tolhendo-nos sorrisos e força de caminhar. O que passou, feito está. Existe a hora certa de agir e de tentar reverter o que fizemos de errado, porém, alguns estragos são irremediáveis e a melhor forma de lidar com eles é enterrando-os no passado que não mais voltará, lutando para não os repetir.

Desnecessário é sofrer por conta de do que não deu certo, do que não se disse, do que se disse, do que já foi embora de uma vez por todas. Agimos conforme aquilo que se passa aqui dentro, ou seja, o que fizemos era exatamente o que poderíamos ter dado naquele momento, nada mais, nada menos. Inevitavelmente, machucaremos pessoas pelo caminho, perderemos chances, deixaremos de aproveitar muita coisa, mas sempre haveremos de ter o hoje, ali juntinho, bem como as esperanças do amanhã, que sempre vem. Sempre poderemos ser melhores do que ontem.

Desnecessário é ficar mendigando atenção de quem quer que seja. Quem não vem para perto de nós por iniciativa própria, quem não olha nos olhos, nem se lembra de nos perguntar como estamos, que se vá, que fique lá por onde se acomodou, longe de nós. Quem quer arranja jeitos e maneiras de nos fazer perceber que se importa. E sabemos bem quem realmente se importa, sem que precisemos passar por cima de nossa dignidade. Ah, a gente sabe, sim…

Caio Fernando Abreu já dissera que pesos desnecessários sempre causam dores desnecessárias, ao que vale acrescentar que assim também o é em relação às pessoas – se desnecessárias, provocarão pesares desnecessários. A vida não é fácil e acumularemos vários tombos diários, decepções amargas e culpas doloridas, ou seja, se pudermos nos livrar dos lixos emocionais inúteis e de gente que emperra o nosso amanhecer, estaremos cada vez mais perto da felicidade com que tanto sonhamos. Desse jeitinho.

Imagem de capa: nd3000/shutterstock

Marcel Camargo

"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar".

Recent Posts

Adolescente recebe diagóstico devastador após médicos confundirem seus sintomas com “dores do crescimento”

“Os médicos nos garantiram que eram apenas dores de crescimento, então acreditamos neles.", disse o…

1 hora ago

Veja esta série na Netflix e ela não sairá mais da sua mente

Esta série que acumula mais de 30 indicações em premiações como Emmy e Globo de…

2 dias ago

Filme premiado em Cannes que fez público deixar as salas de cinema aos prantos estreia na Netflix

Vencedor do Grande Prêmio na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024 e um…

2 dias ago

Série ousada e provocante da Netflix vai te viciar um pouco mais a cada episódio

É impossível resistir aos encantos dessa série quentíssima que não pára de atrair novos espectadores…

3 dias ago

Influenciadora com doença rara que se tornou símbolo de resistência falece aos 19 anos

A influenciadora digital Beandri Booysen, conhecida por sua coragem e dedicação à conscientização sobre a…

3 dias ago

Tatá precisou de auxílio médico e passou noites sem dormir após acusação de assédio, diz colunista

"Ela ficou apavorada e disse que a dor de ser acusada injustamente é algo inimaginável",…

4 dias ago