“Depois de trabalhar você tem que ir à academia e fazer compras, como vai fazer para que dê tempo? Tem que levar em consideração que tem que preparar o jantar para as nove. Na próxima vez, ou fico atrasado ou vou ao supermercado no dia anterior. Sim, usar a antecedência é a melhor opção. De todas as formas, vou fazer uma ligação, ver se posso fazer o pedido e chegará quando eu chegar em casa. Aproveitarei melhor o tempo.”
Você está concentrado nesta conversa consigo mesmo enquanto coloca o café que irá ajudá-lo a terminar o dia de trabalho quando aparece um colega. Começa a te olhar com estranheza e sorri sem dizer nada. Ou talvez faça algum comentário brincalhão. Muita gente ri de quem fala consigo mesmo. Acreditam que é uma característica própria das pessoas estranhas ou produto de algum tipo de transtorno mental.
No entanto, a história está cheia de gênios que falam sozinhos. Isso não parece um indício de que se trata de uma preconceito equivocado?
Além disso, se alguma vez você já o fez, saberá que ajuda a tomar melhores decisões, mas por quê? Por que não basta pensar? Por que é preciso escutar?
Talvez nesta última palavra, “escutar“, esteja a chave.
Quando damos voltas em algo que nos preocupa, às vezes acontece algo curioso, do nada. De repente nossa cabeça se inunda com as impressões dos outros. Nossa família, nosso parceiro, nossos amigos… Todo mundo tem algo a dizer e sentimos que vamos perder o juízo.
Cabe então se perguntar: o que acontece conosco, o que nós realmente pensamos? É então que as pessoas que falam sozinhas encontram neste hábito a solução perfeita. Não é que nós também somos importantes, é que provavelmente somos os únicos que importam.
Por isso, às vezes precisamos contar a nós mesmos o que sentimos e deixar as ideias fluírem. Pensar em voz alta nos permite saber o que queremos e encontrar o modo de nos comunicarmos melhor. Além disso, nos dá a segurança necessária para defender uma determinação frente aos demais, assim como para executá-la.
Por outro lado, nos ajuda a estimular nossa imaginação. As pessoas mais criativas afirmam que sua obra nasce do diálogo com o exterior e com o seu interior.
Os especialistas Gary Lupyan e Daniel Swingley desenvolveram um estudo aplicado a 20 pessoas. Os participantes foram levados a um supermercado e foi solicitado que eles encontrassem uma maçã e uma fatia de pão.
O cérebro funciona melhor nesta situação, já que sua capacidade para relacionar conceitos é muito maior.
Por isso, as decisões que são tomadas com este recurso costumam estar muito orientadas ao sucesso. Saiba que, como dizíamos, partimos do conhecido para buscar aquilo que mais nos convém.
Em tal trajeto, podemos chegar a um local convencional ou o contrário. No entanto, quando fizermos isso, saberemos perfeitamente como foi o trajeto até lá. Assim, as pessoas que pensam em voz alta não mostram nenhuma fraqueza. Elas enfrentam um processo de investigação dentro e fora de si mesmas, com o máximo nível de concentração e a máxima autoconsciência do que são capazes.
Através disso, dão solidez a suas conclusões, e ao mesmo tempo se asseguram de que estas surgem do desejo próprio, e não das expectativas dos demais.
Imagem de capa: Shutterstock/Sofia Zhuravetc
TEXTO ORIGINAL DE MELHOR COM SAÚDE
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