Está na hora do almoço, a mãe preparou a refeição para a família, todos precisam se alimentar dentro do prazo de uma hora, para os pais voltarem ao trabalho e o filho ir para o colégio. Mas nesse momento o filho decide que quer comer biscoito recheado de chocolate, ao invés do prato de comida saudável à sua frente. Em alguns segundos instala-se o caos à mesa. A criança passa a chorar, recusa-se a comer o que está em seu prato, a mãe insiste, a criança grita e chora, o pai insiste, a criança se joga no chão e “esperneia”.
Controlados aversivamente pelo comportamento de birra da criança, pelo tempo que se esgota, pelo sentimento de culpa por deixar o filho de barriga vazia, os pais cedem, entregam na mão da criança o pacote de biscoite e a vida volta ao eixo.
Porém a cena passa a se repetir todos os dias em todas as refeições, em casa, na casa da avó, no restaurante, na praça de alimentação do shopping. E o filho passa a emitir os mais estrondosos choros e gritos , a birra está ali e parece não querer ir embora. O que fazer?
Papais, mamãe e cuidadores a criança não faz birra porque é geniosa ou porque ela tem personalidade forte, ela aprendeu que a birra simplistamente funciona. Isso mesmo, funciona.
Todos nós aprendemos que certos comportamentos que emitidos nos trazem consequências boas ou ruins, então quando queremos obter certa consequência, nos comportamos da maneira como sabemos que ela virá ou evitamos certos comportamentos quando queremos que nada ruim nos aconteça.
A birra é um comportamento que dá a criança o que ela quer. Ela aprendeu isso e irá usa-lo sempre que quiser algo e não for atendida, sempre que se sentir frustrada, para acabar com sua frustração ela “esperneia” até ser atendida. E o cuidador por sua vez, para acabar com o escândalo em publico, para poder descansar, para evitar uma serie de consequências aversivas, ele cede, dando a criança o que ela quer. O comportamento de ceder é o que sinaliza, ensina, à criança que a birra funciona, assim quando quiser e não ter é só chorar, berrar, se jogar no chão e pronto desejo atendido.
Mas então como acabar com a birra?
Se o comportamento de ceder, dar o que a criança quer, é o que a ensina que a birra funciona, o que os pais e cuidadores Não devem fazer? Estrelinha para quem respondeu: Não ceder. Essa é tarefa dos pais, não reforçar (ceder) o comportamento de birra, dando o que a criança quer. Não é a tarefa mais simples do mundo, na verdade requer muito empenho dos pais.
Mas é extremamente importante que essa atitude de ignorar a birra seja cuidadosamente avaliada, pois cada momento requer uma resposta dos pais ou cuidadores.
Sempre que identificar o comportamento de birra os pais devem conversar, oferecer alternativas, propor acordos, procurar compreender, por meio de perguntas à criança, o que ela deseja e porque deseja. Perguntas que a ajudem identificar e organizar seus sentimentos são importantes nesse momento. Birra é frustração, algo, que os pequenos não estão acostumados a lidar. Esses comportamentos poderão auxiliar os pais a compreender o comportamento birrento e verificar se a criança passa por um sofrimento naquele momento, e tentar ajuda-la com seus sentimentos.
Depois de conversar , é importante dar um tempo para a criança se acalmar, os pais podem se afastar e observar. Importante salientar que se os pais avaliarem que o obejeto pelo qual a criança faz a birra, não é adequado que ela tenha naquele momento, não ceda, lembre a criança os motivos de não ter o que deseja, mas não ceda.
Ao parar e perceber que não conseguiu o que queria fazendo birra, a criança aprenderá que esse não é o melhor caminho para ter o quer.
Assim que os pais decidem não ceder a birra dos filhos, o comportamento passa a entrar em extinção, mas para desespero dos ouvidos próximos, nesse momento a birra passa a aumentar de intensidade, isso mesmo , vai piorar. Na tentativa de conseguir o que quer a criança vai usar todo seu repertório birrento em alta intensidade, nesse momento não cedam, se o fizeram ensinarão que se ela birrar com mais empenho ela consegue o quer, então vocês ensinariam a birra se tornar ainda pior, sempre.
O processo de extinção de um comportamento, no caso a birra, não é algo fácil de ser realizado pelos pais, por isso, um psicólogo torna-se essencial nesse processo.O profissional de psicologia irá guia-los por exemplo no processo de ensinar a criança outros comportamentos adequados para os momentos em que ela se sentir frustrada com algo, pois não basta apenas extinguir o comportamento inadequado é importante instalar outros comportamentos para que a criança, através deles, possa expressar suas vontades e entender o desejo dos pais.
Procure sempre um bom profissional que em terapia irá trabalhar com a família na busca pelo bem estar de todos.