Por Stephanie Mascarenhas
Frequentemente, identificamos pessoas em relacionamentos extremamente abusivos, o que pode nos gerar revolta e indignação. Aquela pessoa amiga, inteligente, independente, de repente está presa num papel de submissão e violência psicológica que não desejamos para nenhuma pessoa querida. É o tipo de situação que juramos que nunca aceitaríamos até que…um dia nos vemos nela! Mas, por que isso acontece?
Um relacionamento abusivo é aquele no qual um dos envolvidos assume a posição de objeto, se colocando na função de satisfação do outro. Consequentemente, este se subjuga de forma que os desejos e vontades do parceiro sejam a prioridade na relação, enquanto os seus são anulados ou colocados em segundo plano.
A dificuldade em dizer não do indivíduo subjugado é uma das principais características desse tipo de relacionamento, sendo percebida pelo outro, que se aproveita dessa limitação. Assim acontecem os abusos emocionais e até mesmo físicos. O indivíduo que assume a posição de “dominador” usa conceitos, regras e convenções sociais sempre a seu favor e, com argumentos, manipula situações para que o outro lhe atribua a razão. Apesar de mais comumente percebidas no âmbito amoroso, esse tipo de relação também pode aparecer no ambiente de trabalho, dentro do seio familiar ou no círculo de amizades.
Um dos principais motivos da propensão a um relacionamento abusivo é a existência de fatores psicológicos. Isso ocorre tanto da parte da parte subjugada quanto da parte dominadora. No primeiro caso, geralmente são pessoas com baixa autoestima, medo de reprovação social, falta de confiança em si mesmo e de reconhecimento do seu potencial que acabam se tornando mais sugestionáveis. Já o indivíduo manipulador, em geral, atribui à dominação condição de poder e bem-estar social. A verdade é que, em relacionamentos abusivos, ocorre um tipo de cumplicidade sintomática entre os envolvidos, além da existência de um adoecer psíquico em ambos os lados.
Outro fator que leva a situações abusivas é a forma de manipulação exercida. Geralmente, os abusos começam de forma sutil. Por exemplo, um namorado que no começo do relacionamento “proíbe” sua parceira de usar um vestido decotado em tom de brincadeira. Depois se chateia com uma saída sem sua companhia, justificando que é por amor, até o ponto de lhe impedir de sair de casa e monitorar suas conversas particulares com amigos. As formas de abuso se estendem aos poucos, até o casal se perder nos limites do que seria saudável dentro de uma relação.
É como a teoria do sapo na água quente. Se colocarmos o sapo direto na água fervente, ele irá pular. Porém, se deixarmos o sapo na panela cheia de água e depois acendermos o fogo, à medida que a temperatura da água vai subindo, o sapo vai se ajustando. E quando a água finalmente começa a ferver, ele não possui mais forças para pular, pois está muito cansado, devido a tantos ajustes para continuar ali.
Compensações
Também é comum que o parceiro subjugado tenha dificuldade em identificar que está em um relacionamento abusivo, uma vez que não vive só de caos e conflitos: existem também as compensações. Em alguns momentos, o dominador fornece amor, atenção e carinho, causando confusão mental e de sentimentos, o que dificulta ainda mais o reconhecimento da real situação. Assim, o sujeito dominado acaba por negar a existência de abusos, defende o parceiro e tenta justificar seu comportamento, inventando desculpas a respeito das “motivações” para tais atitudes.
Para evitar entrar nesse tipo de relação o autoconhecimento é fundamental, uma vez que ele nos possibilita reconhecer nossas potencialidades e limitações. A partir do momento que conhecemos nossas falhas, podemos trabalhar para melhorá-las. Além de nos auxiliar a perceber situações que estamos vivendo de forma mais clara e funcional. O acompanhamento psicológico também pode ter caráter preventivo, sendo uma boa estratégia para a manutenção da saúde mental e precaução do envolvimento em relacionamentos desse tipo, que possuem aspectos de fundo emocional e psicológico.
Já quando percebemos que uma pessoa está em uma situação parecida, o que se podemos fazer é tentar sensibilizá-la através de uma linguagem próxima, sem tom de crítica ou julgamento, e sensibilizá-la para que procure ajuda. É importante demonstrar a ela, com exemplos práticos, que aquilo não está saudável e nem aceitável. Depois disso, incentivar a busca por ajuda especializada para que ela entenda a situação e, por conta própria, decida como deve proceder. Devemos ressaltar que, assim como a parte subjugada, o indivíduo abusador também pode reconhecer a necessidade de ajuda e procurar auxílio.
O processo psicoterápico auxilia a identificar falhas, reconhecer potencialidades, assim como construir ferramentas para evitar e driblar esse tipo de situação, que pode acontecer com qualquer pessoa em algum momento da vida.
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