É natural que homens e mulheres busquem relações virtuais ou diretas em suas vidas, com o objetivo de encontrar uma pessoa para ficar ou namorar, viver juntas ou casar. Também é normal escolher alguém com características paternas ou maternas, no sentido do cuidado e do respeito. São as memórias positivas de cada um, que irão compor o roteiro de uma relação afetuosa.
Quando essas relações saem da normalidade, é porque alguns indivíduos na infância não superaram de modo satisfatório a fase do Complexo de Édipo. E na vida adulta acostumou-se a reproduzir com os parceiros ou parceiras a mesma relação que tiveram com os pais, que geralmente foram ou ainda são tensas e ambíguas.
Não vamos entrar no aprofundamento dessa teoria freudiana. Entretanto, constatamos a partir da prática psicanalítica, que o Complexo de Édipo não elaborado adequadamente se constitui a principal fonte de problemas nos relacionamentos entre os casais.
A superação dos conflitos maternos ou paternos é fundamental para suplantar de modo saudável o Complexo de Édipo. Mas os homens e mulheres que não realizaram esse processo na infância têm a tendência de trazer as dores e as experiências sofridas com os pais para a dinâmica das relações afetivas.
Então, as escolhas que os sujeitos fazem dos seus parceiros ou parceiras têm uma vinculação direta com o relacionamento com os pais. É porque simbolicamente ainda não foi cortado o “cordão umbilical” com os progenitores ou cuidadores, que substituíram a falta da figura materna ou paterna.
Assim, homens e mulheres não conseguem firmar parcerias felizes e duradouras, uma vez que as constantes lembranças dos genitores entram na relação, através de queixas ou comparações, como por exemplo: “Pare de me dizer essas coisas! Parece minha mãe.” “Quando você não me dá atenção, isso me lembra o meu pai”. “Não quero mais ficar contigo. Essa relação me sufoca, já vivi essa situação com os meus pais.”
Contudo, essas pessoas possuem todas as condições de procurar auxílio psicoterapêutico, que permitirá que os desentendimentos com os pais sejam resolvidos ou reconciliados na medida de cada sofrimento ou desamparo vivenciado na infância, pois como disse o escritor, Gabriel García Márques: “Os filhos herdam as loucuras dos pais.”
Portanto, o melhor caminho e ir ao encontro do amor próprio, como condição de amar alguém e a garantia de sair da prisão inconsciente do Completo Édipo. E no tempo certo os encontros e reencontros – na busca do parceiro ou parceira – serão vividos sem as cargas e as cobranças do passado.
Enfim, cuidar e amar a si mesmo serve como ponto de equilíbrio para perdoar os pais, como nos ensinou o escritor e pedagogo, Allan Kardec: “Certos pais, é verdade, descuidam de seus deveres, e não são para os filhos o que deviam ser. Mas é a Deus que compete puni-los, e não aos filhos.”
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