Jackson Buonocore
Sociólogo, psicanalista e escritor
buonocorejcb@gmail.com
Hoje as críticas ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) são coerentes, pois ele faz a medicação de comportamentos normais, como a tristeza e a timidez. Além de rotular as frustrações como desordens de humor.
O DSM é um guia dos profissionais de saúde mental, em que os psiquiatras decidem quem elabora sua revisão. O Manual foi publicado pela primeira vez, em 1952, pela Associação Americana de Psiquiatria, que criou uma linguagem padronizada para classificar os transtornos mentais.
As revisões do DSM aumentaram os diagnósticos de transtornos mentais, reduzindo o sofrimento psíquico em patologias de cunho cerebral. Isso gera lucro para vários setores, como a indústria farmacêutica e os planos de saúde.
Aliás, em cada edição do DSM se apresenta uma nova classificação de comportamentos ditos desviantes e a propagação de seus diagnósticos ganham uma escala mundial alarmante.
Assim, os diagnósticos psiquiátricos atuam como forma de suprimir os indicadores de injustiças sociais, que não necessariamente são indicadores de doenças mentais.
É por isso que o processo de classificar as doenças mentais deve envolver especialistas, como psicólogos, sociólogos e filósofos, porque as doenças mentais também têm implicações epistemológicas, éticas e sociais.
Enfim, é arbitrário colocar como cerne dessas questões o campo genérico da farmacologia.
É uma concepção que nos leva a pensar que os sujeitos sejam apenas regidos por um Manual de medicamentos psiquiátricos, eliminando a complexidade humana e suas interações psicossociais e espirituais.
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