Por Monica Martinez de Seixas
Diante das respostas dadas por algumas pessoas à questão aparentemente simples e até banal: “Caso você fosse obrigado a ir morar numa ilha deserta e pudesse levar somente uma pessoa, quem você levaria?”, pude observar o quão difícil é para boa parte das pessoas, fazer escolhas.
Interessante percebermos o quanto algumas escolhas em nossas vidas demandam de nossa parte, esforço e desgaste emocional, dos quais nem sempre estamos prontos para enfrentar.
Onde reside essa dificuldade?
Escolhas são trilhos pelos quais nossas “locomotivas pessoais” caminham. Escolhemos, ao acordar, se ficaremos mais tempo deitados, ou não; escolhemos qual alimento comeremos às refeições; escolhemos a roupa que nos vestirá.
Se é certo que passamos nossas vidas fazendo infinitas escolhas, mais certo ainda é que isso não nos torna “experts” nesse assunto. .
Isso se deve ao fato de que a grande maioria das escolhas que fazemos, ocorrem de forma quase inconsciente (aqui não me refiro ao conceito do Inconsciente, trazido por Freud, mas sim ao sentido da intencionalidade, da atenção), ou seja, não refletimos, efetivamente, nas escolhas que fazemos. Nós simplesmente escolhemos, como se estivéssemos no “piloto automático”.
Em consequência, quando somos convidados a fazer escolhas conscientes é comum nos sentirmos confusos, amedrontados e até irritados, deixando evidente nossa pouca habilidade nesse aspecto.
Qual a ligação afinal, entre nossas escolhas e a dificuldade em lidarmos com perdas?
Uma das grandes dificuldades em lidar com as escolhas está exatamente na perda gerada por elas e não na escolha propriamente dita.
Retornando à pergunta do início do texto, onde estaria a real dificuldade em escolher uma pessoa para levar consigo para uma ilha deserta?
O conflito, certamente, não está na companhia da pessoa escolhida, mas em todas as outras que, forçosamente, não poderão ir junto conosco.
Dessa forma fica evidente o grande gerador de angústia, nesse caso, é quando somos chamados a nos posicionar diante da vida e não nos sentimos prontos (ou assim imaginamos) para essa empreitada.
Em razão disso, com relativa frequência, protelamos nossas escolhas e, não raras vezes, as colocamos em mãos alheias e isso acaba por trazer insatisfação e frustrações.
À medida que formos retomando as rédeas de nossas vidas, através do autoconhecimento e da determinação, mais evidente se tornará que a nós cabe o papel de protagonistas de nossas existências e exatamente por essa razão, de nossas escolhas conscientes também.
Vamos refletir?