Por que as pessoas fracassam?

Atualmente somos bombardeados por fórmulas de sucesso, mas já pensou pelo outro lado? Quais são as atitudes e comportamentos das pessoas que fracassam?

Partindo do pressuposto que fracasso e sucesso são conceitos relativos, uma vez que na sociedade atual o TER prevalece ao SER, entendemos que estes conceitos estão deturpados.

Mas, para prosseguirmos com o texto vamos considerar fracasso como:

Situação de não conseguir levar seus planos adiante, sentir se infeliz, impotente, não ter conquistas ou ter perdido a capacidade de sonhar, criar, desejar.

 

1 – Acham que os outros devem DAR uma oportunidade.

Esse item é campeão. Quase que diariamente me deparo com queixas em relação a falta de oportunidades. Estas pessoas sentem-se vítimas das circunstâncias esperando que alguém, um amigo, familiar, chefe ou estranho enxergue suas virtudes, méritos e boas intenções e ofereça a grande chance.

A verdade é que para conceder a oportunidade, as pessoas querem ver qual o VALOR que receberão em troca. Não estou falando de valor monetário, dinheiro, mas sim que ganhos ela terá. Nada é de graça. E quem deve mostrar isso é você. Sempre.

Assim é possível despertar o interesse dos detentores das oportunidades. Mas você deve mostrar isso sempre e não só na hora que precisa de algo.

Pergunta essencial: qual valor você pode agregar ao mundo?

Não precisa ser nada de outro mundo, glamoroso, especial.  O mundo não precisa só dos grandes talentos nem de pessoas egocêntricas, mas sim de pessoas de todos os tipos, mesmo humildes, que tenham algo a oferecer.

E, lembre-se, todos sem exceção temos algo a oferecer. Seja uma boa comunicação, empatia, habilidade com cálculos, organização, ensino, habilidades manuais, liderança, vendas, ou seja lá o que for.

E se não tiver quem dê esta oportunidade, você pode criar. O fato é que muitas vezes somos condicionados, educados a esperar que o mundo nos dê uma chance. E o custo desta crença é muito alto: de se frustrar por nunca ter realizado nada!

Então proponho um exercício, uma nova forma de pensar:

O que fazer para sair desse lugar de aguardar uma oportunidade para CRIAR a oportunidade?

2 – Colocam a culpa em fatores externos.

É muito comuns pessoas falarem que não conseguem as coisas por causa da inveja alheia por exemplo.

Vamos lá: sendo bem objetivos agora, o que tem a ver a inveja da outra pessoa com o SEU sucesso ou fracasso?

Além disso:  o que te faz ser tão especial, brilhante e espetacular que causa tanta inveja assim nos outros?

Mais: porque esta pessoa tem que estar próxima de você ou quais circunstancias te atraíram para o invejoso?

Essa ideia além de comum é extremamente nociva e perigosa pois tira toda responsabilidade da pessoa transferindo para terceiros, além da situação que o indivíduo se coloca de superioridade e onipotência.

Tem também a culpa na crise. Então vou contar uma coisa: desde a década de 80 eu me lembro do Brasil estar em crise. Depois veio outra e mais outra e várias outras. Lembro das pessoas colocarem a culpa no apagão, no bug do milênio, na crise da China, etc.

Sim, não vou negar que existe uma realidade econômica difícil. Nosso país tem muitos impostos, corrupção, desemprego. É complicado, não é fácil mesmo. Mas, eu pergunto: você conhece alguém que está prosperando, realizando mesmo nesse cenário?

Além do mais, se ficarmos aprisionados na ideia da crise aí que nada deslancha mesmo.

Quando você coloca somente a culpa em fatores externos, se exime de toda e qualquer responsabilidade. E vai fracassar.

3 – Não investem nelas mesmas.

Muitas pessoas não querem aprender coisas novas. Não tem interesse em estudar, em pesquisar, em ler. E reclamam quando as coisas não acontecem. Querem o sucesso antes do trabalho.

Não querem investir em aperfeiçoamento, conhecimento.

Tem também quem só quer o que é de graça. Independentemente da situação financeira, existem pessoas que parecem só se interessar por algo se não tiver que pagar por isso. Seja qualquer produto ou serviço.

Conheço pessoas que se vangloriam por só usufruírem de “boquinhas”, “boiadas”, dão um jeitinho de não pagar. Existem bons produtos e serviços gratuitos em várias áreas, e também há quem realmente não tem disponibilidade financeira nenhuma. Mas existe um contingente de pessoas que simplesmente só querem usufruir e adoram a pergunta: “é de graça?”

Se recusam a pagar por um livro, preferindo tirar xerox (que hoje em dia acaba saindo até mais caro). E, preferem aguardar a fila do SUS as custas da sua própria saúde, ou dos familiares, mesmo tendo condições de pagar por uma consulta ou medicamento.

Então, quem não investe em nada quer ter retorno de quê?

 

4 – Vivem aprisionadas pelo medo e outras crenças limitantes.

Algumas pessoas não conseguem dar um passo além pois são bloqueadas pelo medo. Ideias de que serão hostilizadas, rejeitadas ou que alguma catástrofe poderá ocorrer caso ouse ou faça qualquer tentativa.

Medo de não dar conta, de assumir responsabilidades, de ficar doente, de serem enganadas etc. Acima destes medos, existe o medo principal, mais profundo e primitivo, o medo do desamparo. De ficar sem nada, sem ninguém nem ter para onde recorrer. É importante ressaltar que muitos destes medos são nada mais do que fantasias.

As crenças limitantes são negativas que limitam o campo de visão em relação ao mundo. Estas são adquiridas ao longo da vida, desde a mais tenra infância. Podem ter sido formadas a partir de ideias transmitidas pela família, pela escola, pela mídia e também pelas próprias interpretações dos fatos.

5 – Não sabem o que querem.

Diferente de antigamente, a sociedade atual nos oferece uma gama de opções em todos os âmbitos da vida. Podemos escolher qual profissão seguir, onde morar, com quem nos relacionar, qual o modelo de relacionamento, se teremos ou não filhos, e quantos. Para onde viajar, que passeios fazer, hobbies. Existe a possiblidade de mudar de profissão, de vida.

E essa liberdade de opções é uma enorme geradora de angustia. Muitas vezes a variedade de possibilidades nos deixa perdidos e paralisados sem saber qual caminho escolher.

Além disso, existem pessoas que já são indecisas pela própria personalidade, por insegurança.

E enquanto estamos indecisos não conseguimos estabelecer um foco, um norte o que impede de seguir em frente e realizar o que quer que seja.

 

6 – Falta motivação.

Talvez você invista em você, tem consciência de seus talentos e habilidades e mostra-os ao mundo. Com certeza é uma pessoa legal.

Mas, falta aquele algo mais, aquela energia que o faz seguir em frente.

Muitas coisas podem existir por trás da falta de motivação. Depressão, bloqueios emocionais, traumas, experiências anteriores.

7 – Lidam mal com suas emoções

A capacidade de sentir emoções é inerente ao ser humano, é o que dá vida a nossa vida, proporciona a capacidade de nos relacionarmos com o outro. O que seria de nós sem as emoções?

Acontece que nem todas são confortáveis de sentir, como o medo, a raiva, a tristeza. Algumas pessoas sentem as emoções como se estivessem em uma montanha russa e deixam-se dominar por elas de modo que atrapalham seus relacionamentos, projetos, ideias.

 

8 – Dificuldade nos relacionamentos.

Nem todos sabem se relacionar de forma saudável. Pessoas que tem pouco ou nenhum autoconhecimento vivem projetando seu mundo interno no outro. Explico: não conseguem separar o que é seu do que é do outro. Se por exemplo, são pessoas hostis ou persecutórias, acham que o outro é que a persegue ou está hostilizando.

A falta de empatia é a incapacidade de se colocar no lugar do outo e também é um fator que atrapalha muito as relações interpessoais.

Não somos sozinhos no mundo, precisamos dos outros, vivemos relações de troca e interdependência. A falta de habilidade nos relacionamentos prejudica a qualidade de vida e consequentemente impacta de forma negativa no sucesso dos empreendimentos.

9 – São muito críticas e exigentes.

Para algumas pessoas nada presta, nada está bom. São pessoas muito críticas, exigentes com tudo e com todos.

Às vezes com características obsessivas.

Parece que farejam defeitos. E não são assim só com os outros, mas consigo mesmas também são. Agindo deste modo, nada que fazem está bom, a contento, então não conseguem mostrar o que podem agregar de valor ao mundo. Muitas vezes trata-se de pessoas que sofrem com baixa autoestima então não se acham suficientes.

10 – Sentem muita inveja.

A própria inveja é mais destrutiva do que a inveja do outro. Quando sentimos inveja olhamos para o gramado do vizinho deixando o nosso secar. Perdemos tempo, força e energia olhando para a conquista do outro. Além do mais, lá no fundo, em um nível inconsciente passamos a acreditar que se conquistarmos algo seremos castigados. Pois, já que não desejamos o melhor para a pessoa invejada, o mesmo acontecera conosco. Seremos destruídos pela inveja alheia.

Concluindo

Normalmente não é um ou outro o motivo isoladamente responsável pelo fracasso de uma pessoa, mas sim um conjunto deles, de uma forma ou de outros estes itens estão relacionados.

Não posso concluir este texto sem antes reconhecer que existem sim fatores alheios a nossa vontade, imprevistos, e condições muito, muito difíceis. Mas, se queremos ter algum êxito, temos que nos apegar ao que realmente podemos fazer apesar das adversidades.

Imagem de capa: Shutterstock/Kleber Cordeiro






Especialista em saúde mental pela UNIFESP e orientadora vocacional.