A gente leva muito tempo, até que perceba o quanto nossa família é importante. E tem quem ainda nunca chegue a essa percepção da real necessidade de cultivarmos o amor por aqueles que são nossos familiares, sejam eles parentes pela família, sejam pelos laços da vida. Porque também tem família que a gente escolhe.
Principalmente em nossa adolescência, passamos a nos importar muito mais com os amigos do que com quem mora ou vive conosco, porque queremos ser aceitos pelo grupo e porque achamos que ninguém nos conhece melhor do que nossos colegas. Além disso, exatamente na fase em que desejamos experimentar a tudo e a todos, nossos pais são aqueles que nos impõem os limites que queremos ultrapassar.
Por essa razão é que nos rebelamos contra aqueles que cerceiam a liberdade extrema pela qual ansiamos quando jovens, incluindo nossos pais e autoridades em geral. Dependendo da personalidade de cada um, essa rebeldia será mais ou menos extremosa, mas não há adolescente que não entre em choque com as gerações anteriores. Assim é que as coisas evoluem, que as ideias se oxigenam, que cada um ocupa seu lugar no mundo e na história.
No entanto, enquanto amadurecemos, vamos percebendo que nem todo mundo é tão amigo assim, que precisávamos de limites, que nossos pais agiram por amor e, se erraram, é porque são simplesmente humanos. O tempo nos traz essa percepção de que serão poucos aqueles com quem poderemos realmente contar e que muito provavelmente nossa família estará entre esses poucos.
Amigos vêm e vão, relacionamentos podem acabar, nada é certo neste mundo. Entretanto, sempre que a vida disser não, que a noite não tiver fim, que o nó sufocar o nosso peito, poderemos retornar ao nosso início, ao nosso refúgio afetivo incondicional, qual seja, o colo de nossos pais, o abraço de nossos irmãos. Mesmo quando já tiverem ido, lembrar o quanto aquele abraço nos protegia de tudo fará muita diferença em nossos recomeços. É assim que a gente retorna à vida.
Imagem de capa: Photographee.eu/shutterstock
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