Por Leonardo Aguiar
– O seu filho tem déficit de atenção, corrigido por um medicamento que deve ser usado pela vida toda.
– O seu filho está inserido em um ambiente não muito acolhedor. Sua alimentação está carregada de produtos industrializados, o que acaba comprometendo o funcionamento do intestino e de todo o corpo. Na escola, há uma necessidade maior de observar a sua relação com os amigos e com a professora. Há também um importante indício de que seja necessário dar mais espaço para ouvir suas queixas dentro de casa.
Seja sincero e responda: qual dos dois diagnósticos você preferia lidar? Calma. Não fique bravo e nem feche o navegador.
De forma nenhuma eu – médico e tão entusiasmado com a medicina – cometeria a injustiça de dizer que os remédios, em especial os utilizados para problemas tão importantes como a depressão e o transtorno de déficit de atenção (TDAH), são “recursos preguiçosos”.
Mas há, sim, excessos de toda a sorte. Excessos de prescrição. Excessos de uso de drogas terapêuticas. E até excessos na hora de definir necessidades de intervenções medicamentosas.
Os números mostram um crescimento avassalador de venda destes medicamentos voltados para transtornos de humor e questões psíquicas. E nós sabemos que os consultórios – sejam públicos ou privados – viraram verdadeiros fast foods de receituários.
Você entra com uma queixa (legítima e de profundo sofrimento). Sai com uma prescrição. Sempre.
Com isso, as pessoas são lançadas à solidão do tratamento e ficam como único recurso uma pílula, tarja preta, onerosa – por vezes necessária – mas outras tantas perigosa. Reserve 5 minutos para acompanhar meu raciocínio e fique à vontade para concordar ou discordar. Inclusive, quero te ouvir. Pode mandar email para contato@jolivi.com.br.
Vou começar apresentando estas estatísticas.
Uma estratégia nefasta
Diante deste cenário, eu fiquei pensando com meus botões: será que podemos fazer uma analogia do que ocorre com os medicamentos para o TDAH com outras condições psicológicas, como a ansiedade e a depressão?
Será que não estamos vivendo uma era de excessos de diagnósticos em que pessoas são enquadradas como doentes, mas o princípio da busca por este remédio é melhorar o seu desempenho?
Cito, por exemplo, jovens executivos que tomam remédio para dormir melhor, para acordar mais dispostos, para ficarem atentos, para serem menos tímidos ou mais ousados… buscando com isso não ter uma saúde melhor, mas sim uma melhor performance no estudo ou no trabalho.
Captou a inversão de lógica? E muito provavelmente o que sustenta isso seja justamente a força que nos mantém no grupo dos “insatisfeitos” e “inadequados”. (Falei sobre esta verdade inconveniente aqui, nesta entrevista sobre o padrão de beleza).
Porque quando assim nos sentimos, estamos sempre mais suscetíveis ao consumo. No caso aqui, estamos falando do consumo de um remédio. Mas eu vejo isso diariamente em meu consultório com a cirurgia plástica, por exemplo.
Este insight sobre a estratégia de marketing associada ao consumo de antidepressivos eu tive ao ler um artigo fantástico no The Guardian, assinado por Peter C. Gotzche.
Ele é um médico dinamarquês, pesquisador e líder do Centro Cochrane, uma rede global independente de investigação científica e respeitada mundialmente por conseguir trazer revelações que, por interesses diversos, ficam embaixo do tapete.
Segundo Gotzche, muitas vezes, os medicamentos com interferência psíquica não resultam como o esperado. Porém, isso é entendido pelos prescritores como um aval para aumentar a dose ou procurar um substituto ainda mais forte para aquele medicamento “falho”. Não é encarado como uma oportunidade para pensar em outras estratégias terapêuticas sem ser por via da medicação.
“O problema é que muitas destas drogas simplesmente não funcionam como as pessoas supõem… em muitos casos, o resultado não é melhor do que um placebo.
Cerca de metade de todos os pacientes usuários, eles (antidepressivos) causam distúrbios sexuais. Os sintomas incluem diminuição da libido, orgasmo retardado, disfunção erétil. Estudos em seres humanos e animais sugerem que estes efeitos podem persistir por muito tempo após o fármaco ter sido descontinuado.”
(Mais uma pausa: isso sem falar em outros efeitos colaterais como comportamento agressivo, suicida e obesidade, reunidos em duas pesquisas veiculadas no Britsh Medical Journal que fizeram meta análises sobre antidepressivos).
Agora, olha só: se o objetivo ao buscar um antidepressivo foi melhorar a performance, será que o remédio é mesmo a melhor opção? Será que o problema é o mundo ou somos nós que não estamos preparados emocionalmente para lidar com as situações do dia a dia?
Excesso de medicamentos
Ingrediente principal
Com isso em mente, queria propor uma reflexão sobre inteligência emocional, um ingrediente essencial para a vida com qualidade, mas que está sendo perdido no mundo contemporâneo.
Como os relacionamentos são cada vez mais virtuais, não nos preparamos para lidar com medos, frustrações, angustias. E quando naturalmente sentimos sensações como estas – que são normais mas não são desejadas – entramos em parafuso.
Não confrontamos e não expomos nossas ideias e conceitos por medo de sermos mal interpretados, de sermos agressivos ou de sermos agredidos.
Este “pacto comportamental” faz com que o homem moderno de alguma forma, até deseje um diagnóstico psiquiátrico para acalmar a sua imperfeição ou para levá-lo a este padrão de comportamento quase neutralizado.
As soluções
Veja, negar a existência dos transtornos psíquicos ou negar a necessidade dos pacientes que precisam de medicamentos antidepressivos é ser negligente.
Mas, pactuar com a cultura de medicalizar “imperfeições” é silenciar um crime. As pessoas estão cada vez mais dependentes das drogas terapêuticas, como bem alertou o assessor da Organização Mundial de Saúde (OMS) nesta entrevista exclusiva que ele deu para Jolivi.
Por isso, minha primeira recomendação do dia é: desconfie do médico que prescreve e que não te ajuda a mudar de hábitos. Porque é papel do médico, sim, te guiar para uma condição de vida que traga mais bem-estar, ainda que ela seja incômoda ou mais demorada.
Não consigo precisar se os desequilíbrios psíquicos aparecem antes dos desequilíbrios físicos ou vice-versa. Mas não dá para pensar em um sem querer transformar o outro.
Existem diversos estudos que associam a dieta hoje industrializada à depressão, que evidenciam o impacto de uma flora intestinal doente na produção dos hormônios essenciais para acalmar os sintomas como fadiga crônica, ansiedade e depressão.
Neste ponto, não há como ficar sem sugerir a introdução imediata de alimentos probióticos, prebióticos, que melhoram a resposta do estresse, além de facilitarem o caminho de hormônios fundamentais como dopamina e serotonina (listo alguns abaixo).
Não vejo também como falar deste assunto sem sugerir que as pessoas investiguem mais sobre inteligência emocional, façam terapia e discutam com verdade sobre estes pactos de comportamento que só geram frustração e inadequação.
E finalizo também citando uma conclusão desconfortável presente no artigo do Peter: “A forma como usamos atualmente drogas psiquiátricas está causando mais mal do que bem. Devemos, portanto, usá-las por um período mais curto de tempo, sempre com um plano de redução gradual, para evitar que as pessoas sejam medicadas para o resto de suas vidas.”
Ter saúde é ter liberdade.
Agora a lista dos alimentos que impactam na redução de sintomas depressivos.
– Macadâmia;
– Castanhas;
– Gergelim;
– Sementes de abóboras;
– Cúrcuma;
– Iogurte natural (pode ser feito com leite de coco e probióticos);
– Maçãs;
– Nibs de cacau;
– Kefir (comprador em produtos de lojas naturais);
– Repolho;
– Gengibre.
TEXTO ORIGINAL DE JOLIVI
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